IME pode ganhar novas instalações em Guaratiba
Por Ruben Berta (rberta@oglobo.com.br)
RIO - Um projeto ousado do Exército promete consolidar em breve uma grande área em Guaratiba como um centro de referência nacional em tecnologia militar. A instituição deve concluir até o fim deste ano o anteprojeto e o estudo de viabilidade de um novo polo, que reunirá pesquisa e ensino, no terreno onde já funciona atualmente o Centro Tecnológico do Exército (Ctex), às margens da Avenida Dom João VI (antiga Avenida das Américas). A grande novidade é a previsão de transferência até 2015 do Instituto Militar de Engenharia (IME) da Urca para este novo espaço.
- A ideia desse polo já existia desde a década de 1980 e foi sendo aperfeiçoada. Agora, com a melhoria do acesso à região (após a inauguração do corredor expresso Transoeste), acreditamos que este é o momento ideal para realizarmos o projeto - adiantou o chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general Sinclair Mayer.
Para colocar em prática a iniciativa, o Exército prepara um modelo inédito de parceria público-privada (PPP), cujos detalhes ainda estão em estudo. Representantes do Ministério do Planejamento virão ao Rio no próximo dia 10 para conhecer o espaço e começar as discussões. Segundo o general Mayer, a primeira fase do projeto, cuja conclusão está prevista para 2015, deve custar cerca de R$ 1,5 bilhão. Além do novo IME, está prevista para começar nessa etapa inicial a construção do Instituto Militar de Tecnologia, cuja função básica será dar apoio à indústria nacional de Defesa, e do Instituto de Pesquisa Tecnológica Avançada, que irá trabalhar com a área de inovações.
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A ideia do Exército é conseguir concluir todo o projeto, denominado Polo Tecnológico de Guaratiba, até 2020. O espaço deve abrigar também uma Agência de Gestão da Inovação. Haverá ainda uma área reservada para uma incubadora de empresas. A intenção é que haja troca de experiências.
- Praticamente toda a tecnologia militar tem aplicação civil - destacou Mayer.
A PPP poderá usar essa tecnologia como moeda de troca para a captação de recursos, mas a exploração de serviços também deve ser um dos atrativos para a iniciativa privada. Há a possibilidade, por exemplo, de construção de um shopping em parte do terreno, com a concessão de 30 anos.
Com as novas obras, o Exército pretende triplicar a área construída, que atualmente é de 60 mil metros quadrados. Está prevista também a construção de uma pista de pouso e decolagem para veículos aéreos não-tripulados, que poderão ser desenvolvidos no polo. O terreno total tem 26 quilômetros quadrados, mas, pensando na questão ambiental, a instituição não pretende avançar muito na ocupação.
O projeto de levar o IME para Guaratiba ganhou força pela necessidade de ter um lugar que pudesse abrigar um número maior de alunos. Atualmente, o instituto forma cerca de cem engenheiros por ano, e a intenção é chegar a 300 no novo espaço, sem contar com os cursos de pós-graduação.
- Hoje em dia, o perfil do nosso estudante mudou. Metade deles é de outros estados, e a Urca não tem o espaço ideal para os alojamentos - acrescentou o general, lembrando que a previsão para o terreno de Guaratiba é ter 1.400 unidades habitacionais.
Para o prédio da Urca, que fica na Praça General Tibúrcio, a intenção do Exército é manter o foco na educação. Há a possibilidade de que ali se instale o Departamento de Ensino, responsável pela coordenação das escolas militares, ou a Escola Superior do Estado-Maior. O IME está na Urca desde 1942, mas já havia passado por outros quatro locais. No século passado, foi sediado nas ruas Barão de Mesquita, na Tijuca, e Moncorvo Filho, no Centro.
CTex já desenvolve projetos
Além de envolver o Ministério do Planejamento, a captação de recursos para o projeto do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército deve ter vínculos com os ministérios da Educação, da Defesa e da própria Ciência e Tecnologia. Do total de R$ 1,5 bilhão, ainda não há uma estimativa precisa de quanto seria investido pela iniciativa privada.
Atualmente, 800 pessoas trabalham no Ctex, que já desenvolve trabalhos como o piloto do sistema de monitoramento eletromagnético de fronteiras, com radares. Ao todo, há 45 projetos em andamento.
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