2 de dezembro de 2012

Militares defendem o 'ouro negro' que sai do pré-sal

PAULO MAIA
Durante exercício militar que simulava ataque aéreo, praça abastece metralhadora e fica a postos, atento à ordem para atirar | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Durante exercício militar que simulava ataque aéreo, praça abastece metralhadora e fica a postos, atento à ordem para atirar | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Rio - Voz baixa, olhar atento e corpo jovem descrevem o militar que ocupa uma das funções mais importantes do navio de guerra Almirante Saboia, da Marinha do Brasil. O marinheiro Alan de Carvalho tem apenas 22 anos, mas já trabalha como vigia do mar e, por isso, é um dos responsáveis pela defesa dos poços de petróleo da camada do pré-sal, ‘ouro negro’ que a presidenta Dilma Rousseff decidiu, na sexta-feira, investir integralmente para melhorar a educação no país.
Na parte externa e mais alta da embarcação, com um binóculo e um rádio pendurados no pescoço, o marinheiro Alan avisa a tripulação sobre a presença de qualquer objeto estranho na água. O posto solitário serve para complementar a varredura feita pelos radares e nunca fica vazio, inclusive no período da noite e nas madrugadas.
“Tenho que ficar sempre atento. Barcos pesqueiros, lixo e manchas de óleo não são detectados pelos equipamentos. Estou aqui para vigiar o mar”, revela o marinheiro, que serve no Almirante Saboia há um ano. “Tenho orgulho de exercer essa função que é uma das mais importantes”, conta o militar.
“À noite é mais complicado. Os barcos pesqueiros, muitas vezes, navegam no escuro e fica difícil localizá-los na água. Mesmo assim, já consegui alertar a tripulação sobre a presença de um desses bem próximo ao navio”, diz Alan, que não desgruda os olhos do binóculo.
Na última terça-feira, o vigia do mar do navio de guerra Almirante Saboia foi um dos protagonistas da simulação de ataque aéreo a navios da Marinha. O exercício, que é parte da ‘Atlântico III’ — operação promovida pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica — foi feito a 100 km da costa do Rio, na região chamada ‘Amazônia Azul’, área litorânea que engloba a área do pré-sal.
“É uma área que tem importância estratégica para o Brasil”, resume o comandante da simulação de ataque aéreo, contra-almirante Marcio Ferreira de Mello.
A simulação contou ainda com exercícios de interceptação de navio de pesquisa, combate a incêndio, tiros reais e transporte de carga entre dois dos quatro navios de guerra que participaram do exercício. A operação ‘Atlântico III’ foi coordenada pelo Ministério da Defesa e teve como objetivo adestrar 10 mil militares para manter a vigilância sobre as matrizes energéticas brasileiras. Além de atividades militares, foram promovidas ações cívicas.

'Amazônia azul' tem a maior biodiversidade do Brasil
Segundo o contra-almirante Marcio Ferreira de Mello, a região do pré-sal tem importância estratégica para o Brasil porque reúne grandes reservas de recursos naturais.
Cerca de 95% do comércio exterior do Brasil é transportado por via marítima, o que aumenta a importância estratégica dessa região.
A ‘Amazônia Azul’ é uma extensa área oceânica adjacente ao litoral que corresponde a mais da metade da área total do continente brasileiro. Trata-se de um espaço marítimo de grandes dimensões, com recursos naturais incalculáveis.
Os limites das águas jurisdicionais são linhas sobre o mar que não existem fisicamente. O que as define é a patrulha de navios e também ações de presença no oceano, como a operação ‘Atlântico III’.
O local apresenta biodiversidade maior que a Amazônia Verde. Além disso, é neste local que o país retira a maior parte do petróleo e do gás natural.
A Marinha ressalta que, sem o petróleo, uma crise energética e de insumos poderia paralisar o Brasil, o que geraria a dúvida sobre a competência brasileira para manter a auto-suficiência energética.
De acordo com a Marinha, dependência do Brasil em relação ao tráfego marítimo é uma vulnerabilidade que precisa ser protegida.
O Dia Online/montedo.com

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