Militares prestam apoio à equipe médica que trata da saúde dos índios.
Localidade, onde só se chega de avião, fica a 400 quilômetros de Boa Vista.
Com informações da TV Roraima
Do G1 RR
Mãe e filho indígenas durante atendimento médico na região do Surucucu (Foto: Laudinei Sampaio/TV Roraima) |
Em Roraima, miltares do 4º Pelotão Especial de Fronteira atenderam neste sábado (20) indígenas da região do Surucucu, localizada a 400 quilômetros de Boa Vista, a noroeste do estado, fronteira com a Venezuela. Eles são atendidos na enfermaria da base militar, onde chegam com problemas de desnutrição e ferimentos.
De acordo com Santos Júnior, comandante do 4º Pelotão, os militares prestam apoio à equipe médica. "Temos médico, dentista e farmacêutico. Ajudamos com a doação de material, alimento e roupas", destacou.
O acesso à região do Surucucu é difícil e só se chega ao local de avião, partindo da Base Aérea de Boa Vista. É preciso sobrevoar nove milhões de hectares de floresta, serras e montanhas. Outra dificuldade enfrentada é a comunicação entre médicos e pacientes, mas um dos militares, que também é indígena, ajuda nessa tarefa.
O cabo do Exército Xaporita Yanomami fala português. Ele faz a intermediação da conversa entre a equipe médica e a comunidade. Por ajudar os parentes, Xaropita diz que gosta de trabalhar como intéprete. "Quando o paciente chega, eu o acompanho até o médico, faço a 'tradução'. Faço tanto aqui quanto em Boa Vista", disse.
O médico Bruno Volski diz que é preciso ter 'jogo de cintura' para saber mesclar o atendimento médico 'ocidentalizado' com a cultura milenar dos indígenas. "Existe uma diferença muito grande. O 'esquema' corporal deles e a linguagem são diferentes. A forma como eles interpretam a doença também é distinta da nossa", ressaltou.
O cabo Xaporita Yanomami (à esquerda) trabalha como intérprete entre índios e equipe médica (Foto: Laudinei Sampaio/TV Roraima) |
Os militares fazem questão de respeitar a cultura dos índios para evitar conflitos, já que eles são resistentes à interação com outros povos. Na reserva indígena, vivem aproximadamente 17 mil índios. Eles sempre pedem aos militares roupas e comida.
No pelotão, há estrutura para os militares que moram no local. Lá eles cultivam horta para o próprio consumo, criam animais e se comunicam usando internet, telefone e rádio. Para Santos Soares, subcomandante do 4º Pelotão, ter essas ferramentas é fundamental.
"Entramos em contato direto com o batalhão em Boa Vista, trocamos informações sobre as condições climáticas e se tem aeronaves vindo para a reserva. Se não fossem esses meios, estaríamos totalmente isolados da capital", afirmou.
O 4º Pelotão de Fronteira foi criado no fim da década de 80. Além do patrulhamento de toda a região, os militares prestam assistência à comunidade indígena Yanomami.
G1/montedo.com