19 de julho de 2013

Operação contará 13 mil homens para blindar o Papa na Jornada da Juventude

País em alerta

Resultado das manifestações da última quarta-feira derramou tensão sobre a organização do evento
Operação contará 13 mil homens para blindar o Papa na Jornada da Juventude Adriano Ishibashi/Agência O Globo
Coletiva de imprensa no auditório do Forte de Copacabana detalhou esquema de defesa na Jornada Mundial da Juventude - Foto: Adriano Ishibashi / Agência O Globo
Uma metrópole acuada pelo vandalismo aguarda 2 milhões de fiéis do mundo inteiro e um Papa que, pela primeira vez em décadas, dispensa até a blindagem do papamóvel. A equação agita governo e autoridades de segurança do Rio de Janeiro, cidade que na segunda-feira recebe a Jornada Mundial da Juventude em estado de alerta.
Embora a sucessão de protestos já não seja novidade no Brasil, o resultado das manifestações da última quarta-feira derramou tensão sobre a organização do evento. Saques e quebra-quebras se espalharam pela zona sul carioca, promovendo uma maratona de destruição com pedradas e bombas caseiras. Uma policial foi atingida nas costas por um coquetel molotov, dezenas de manifestantes acabaram feridos e, na manhã de ontem, mais de 500 paralelepípedos se amontoavam sobre as calçadas.
Após uma reunião de emergência com o governador Sérgio Cabral, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, garantiu à imprensa que a cidade está preparada para receber o papa Francisco – falou sobre o ostensivo aparato militar que tomará as ruas do Rio na próxima semana, mas reconheceu limitações na atuação policial.
– Estamos aprendendo nesse processo, mas não existe protocolo no mundo para atuar com turba – avaliou Beltrame.
O contingente reforçado contará com 13,7 mil homens pelas ruas do Rio, entre militares, policiais e agentes da Força Nacional de Segurança. No Campus Fidei, onde 1,5 milhão de peregrinos são aguardados nos últimos dois dias da Jornada, as Forças Armadas montarão barreiras em um raio de quatro quilômetros do terreno, em Guaratiba, na zona oeste do Rio – a ideia é evitar qualquer princípio de protestos. A 4ª Brigada de Infantaria Leve, que fica em Juiz de Fora (MG), será deslocada para fazer a segurança durante a vigília.
No palco onde o Papa falará ao fiéis, ao lado da presidente Dilma Rousseff, 400 policiais trabalharão à paisana, de terno, a pedido do próprio Vaticano. Em Copacabana, onde o Papa saudará os jovens na próxima quinta-feira, agentes à paisana vão se infiltrar entre a multidão para coibir distúrbios. Mas não serão feitas barreiras de controle. As redes sociais estão sendo monitoradas por conta do agendamento de manifestações para a estadia do Pontífice.
Mas um problema que contraria inclusive o governo federal é a baixa preocupação do Pontífice com a própria segurança. Francisco pretende gravar seu estilo na Jornada Mundial da Juventude, marcado pela humildade e pela modéstia. Como parte desse perfil, está a decisão de manter na garagem o papamóvel panorâmico e blindado usado por seus antecessores em meio às multidões. Um veículo branco – o mesmo usado toda semana na Praça de São Pedro – e outro verde, reserva, já chegaram ao Rio de Janeiro. Toda essa simplicidade contrariou o comandante da Operação Papa, o general do Exército José Alberto da Costa Abreu:
– Essa é uma escolha pessoal, respeitamos, mas não é nada agradável para a segurança.

Igreja não tem sido alvo durante protestos no país
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Celso Amorim, foram ao Rio para discutir o tema com representantes do Vaticano. Caso a decisão de não usar blindagem seja mantida, os responsáveis pela segurança do Papa no Brasil buscarão alternativas ampliando o efetivo em torno do veículo. Em princípio, Francisco não deve arredar o pé da decisão, embora até a cúpula católica no país se mostre tensa em relação a possíveis protestos. O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, afirmou ontem que "no momento, nenhuma manifestação é contra a Igreja", mas em seguida ponderou:
– As manifestações (como a ocorrida no Rio) aproveitam esse momento de grande visibilidade para apresentar as suas demandas. Pode haver alguma manifestação contra a Igreja? É possível, é possível.

O contingente
Um efetivo de 13 mil civis e militares será mobilizado no Rio de Janeiro

  • 10,2 mil das Forças Armadas
  • 7 mil do Exército
  • 2,5 mil da Marinha
  • 700 da Força Aérea
  • 1,3 mil integrantes da Força Nacional de Segurança
  • 1,7 mil policiais militares, civis e guardas municipais
  • 10 helicópteros do Exército
  • 380 viaturas do Exército

No último dia 1,5 milhão de pessoas são esperadas em Guaratiba. 7 mil homens das Forças Armadas se deslocarão para a região. 400 deles estarão de terno, e não de uniforme, no altar do Papa onde a missa será rezada.
ZERO HORA/montedo.com

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