Rafael Lusvarghi foi amarrado, agredido e levado ao Serviço Secreto, antes de ser libertado
Rafael Lusvarghi em foto de 2015 (G1) |
BRASÍLIA - Integrantes de um grupo nacionalista ucraniano capturaram o brasileiro Rafael Lusvarghi, em Kiev, capital da Ucrânia, amarraram suas mãos para trás, deram tapas no rosto e o levaram para a frente de um prédio do Serviço Secreto da Ucrânia, conhecido pela sigla SBU. A ação ocorreu na última sexta-feira e foi noticiada pela imprensa em Kiev. Lusvarghi, de 33 anos, já lutou a favor de rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia, como integrante de um movimento separatista.
Um dia antes da captura e da agressão, uma reportagem da Rádio “Free Europe/Radio Liberty” revelou que o brasileiro estava vivendo num mosteiro da religião ortodoxa ucraniana. Os nacionalistas extremistas, então, foram até lá, o capturaram e o levaram para a frente do Serviço Secreto.
Na sexta, o Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Kiev acompanha os últimos desdobramentos do caso e que presta assistência ao brasileiro. O órgão afirmou ainda que ele não está ferido e encontra-se em segurança.
A imprensa na Ucrânia publicou um vídeo do momento da agressão, registrada por jornalistas e fotógrafos. Nas imagens, integrantes do movimento nacionalista levam Rafael a pé até o prédio da SBU — é possível ver pessoas segurando a mesma corda que amarrava as mãos. O SBU teria prometido investigar as atividades do Lusvarghi. O percurso foi acompanhado por diversas pessoas, sem que houvesse repreensão à ação do grupo nacionalista, de extrema-direita, que leva o nome de Batalhão Azov. Segundo a imprensa ucraniana, o grupo chegou a forçar um pedido por parte de Rafael para que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o trocasse por prisioneiros ucranianos mantidos pelos separatistas apoiados pelos russos.
O ex-combatente pró-Rússia foi encontrado num mosteiro próximo à embaixada brasileira em Kiev. Lusvarghi chegou ao país em 2014 e atuou em frentes de batalha, inclusive aparecendo na propaganda russa separatista. Em 2016, Rafael teria voltado ao Brasil, diante da paralisação das frentes de batalha no leste ucraniano. Ele teria retornado à Ucrânia em razão de uma falsa oferta de trabalho “plantada” pelo SBU, segundo a imprensa local. Acabou preso no Aeroporto Internacional de Kiev.
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PROTESTOS CONTRA A COPA
Em janeiro de 2017, o brasileiro foi condenado a 13 anos de prisão por acusações de terrorismo na Ucrânia. A sentença foi anulada em agosto, e Lusvarghi deixou a prisão. No mosteiro de onde foi levado, teria tido um encontro com a religião, conforme declarou à Rádio “Free Europe/Radio Liberty”.
No Brasil, antes do embarque à região do conflito na Ucrânia, ele participou de protestos contra a Copa do Mundo de 2014. Ficou 47 dias preso em São Paulo em razão da atuação nos protestos. Lusvarghi era, então, professor de inglês. Ex-policial militar, dizia ter atuado nas Farc, na Colômbia, e na Legião Estrangeira, na França.
Numa entrevista à revista “Isto É” em fevereiro de 2015, ele contou ter se alistado como voluntário do Exército Separatista do Leste da Ucrânia e que fez isso para “lutar exclusivamente pela grande e sagrada mãe Rússia”. Lusvarghi também declarou na entrevista ter sido “responsável direto pela morte de quatro soldados ucranianos”.
O Globo/montedo.com