Dois bandidos armados balearam, na madrugada de ontem, o soldado David Soares de Almeida, 19 anos, que estava de guarda no 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista, na Vila Militar, em Deodoro. O sentinela estava numa cabine alta na lateral do quartel quando percebeu a entrada dos invasores pela área externa. Com uma pistola, um dos ladrões exigiu que o militar entregasse o fuzil FAL 7.62— de uso exclusivo das Forças Armadas, mas David reagiu.
“Alguns tiros pegaram na proteção do abrigo, outros tiros ou estilhaços pegaram nas pernas e nas nádegas dele. David foi socorrido de imediato e está bem. Queria ressaltar a satisfação de um soldado meu ter reagido”, afirmou o comandante da unidade, coronel Antônio Manoel de Barros, antes de seguir para o Complexo do Alemão, com 350 soldados para fazer a troca da guarda que atua na região. “Há um interesse grande por esse tipo de armamento. O fuzil está valendo muito hoje, felizmente, pela desarticulação de todo o sistema”, analisou o oficial.
A cabine onde David estava quando foi baleado foi periciada neste domingo | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
Encaminhado para o Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica, David está com um quadro de saúde estável e será reavaliado hoje pela equipe médica. Uma bala ficou alojada nas nádegas. Os bandidos fugiram pela Avenida General Benedito da Silveira até chegar em um riacho na lateral do quartel, deixando para trás uma touca ninja e camisas camufladas. No fim do riacho fica a Rua João Vicente, que dá acesso a favelas da região.
Em texto, David jurou dar a vida pela brigada
Em redação escrita à mão no início do ano, durante a seleção de recrutas, David revelou seu projeto de vida: “Meu sonho é servir à Brigada de Infantaria Paraquedista. (...) Sei que não é fácil, mas estou disposto a dar minha vida para honrar a brigada”.
O texto impressionou o o comandante do batalhão, Antonio Manoel de Barros. “Li a redação do David e garanto que ele é um recruta vocacionado para ser um soldado”, elogiou o oficial, que ainda mandou um recado aos bandidos. “Acho bom que o bom senso mande eles cuidarem da vida deles em outros lugares, aqui não. Temos capacidade operacional de estar nos Complexo do Alemã e da Penha, estamos nos preparando para evoluir na operação. Mas não pensem que nossa retaguarda está descoberta”, garantiu ele, sobre a tentativa de assalto.