Repórter Brasília
Civil à frente das Forças Armadas
Nelson Jobim deixa o Ministério da Defesa num momento em que as sucateadas Forças Armadas brasileiras iriam começar a ser recuperadas, após anos de descaso. As verbas de recuperação haviam sido cortadas. Talvez, este seja um dos pontos que fizeram com que o gaúcho de Santa Maria, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), desabafasse com comentários que, por fim, agrediram duas ministras de Estado. Sem sombra de dúvida, o ponto definitivo para seu afastamento foi a revelação para a Revista Piauí de que era eleitor de José Serra. O que veio depois foi o respaldo para que a presidente Dilma Rousseff tomasse a decisão. Jobim teve a difícil missão de ser o primeiro civil a comandar as Forças Armadas e se fez respeitar por elas. Conseguiu se integrar e, até mesmo, usava farda, como uma demonstração de estar realmente na caserna. O ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro no Ministério da Defesa a consolidar instrumentos legais, políticos e administrativos que asseguram a subordinação da esfera militar ao poder civil. E, nisso, Jobim foi exemplar.
Brincar com fogo
O Palácio do Planalto, na ânsia de resolver logo a situação em seu governo, que já perdeu três ministros em sete meses, nomeou um chanceler para o cargo. Vamos torcer para que dê certo. Na avaliação de generais da ativa, Dilma errou ao entregar a Defesa a quem passou os últimos oito anos - com o entusiasmado aval de Lula - impondo um viés ideológico “bolivariano” à diplomacia brasileira, com agravante de ter sido um fracasso total. O apoio ao Irã de Ahmadinejad, a identificação com a Cuba dos irmãos Castro e a confraternização com a Venezuela de Chávez configuraram uma política que “contrariou princípios e valores” das Forças Armadas. A função do soldado começa quando se esgota a do negociador. E isso, conforme alerta o Estado de S.Paulo, na edição deste fim de semana: “é brincar com fogo”.
JORNAL DO COMÉRCIO/RS