3 de agosto de 2011

BRIGA ENTRE GENERAIS PELO COMANDO DO EXÉRCITO GEROU VAZAMENTO DE DENÚNCIAS SOBRE CORRUPÇÃO

Briga entre combatentes e engenheiros gerou vazamentos de denúncias sobre corrupção no EB

Jorge Serrão
Uma briga intestina pela hegemonia no Comando do Exército, entre Generais de Forças Especiais e de Engenharia, é a fonte originária de recentes reportagens envolvendo escândalos de corrupção sob investigação dentro da Força Terrestre. Generais combatentes de quatro estrelas articulam, nos bastidores, para que um deles assuma o lugar de Enzo Peri, que comanda o EB desde o começo do governo Lula. Nesta briga, parece que vale tudo pelo mais alto posto de confiança do Forte Apache.
Em ao meio conflito de poder interno, acontece a guerra de informação e contra-informação para abafar os possíveis escândalos – como é costume na Administração Pública tupiniquim. Ontem, o Ministério Público Militar se viu obrigado a emitir uma nota oficial para esclarecer que o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, não é alvo de investigação. O objetivo é desmentir reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, no domingo passado, revelando informações sobre as investigações do escândalo IME-Dnit.
Embora o MPM negue, o EB é realmente alvo de investigações (inclusive da Polícia Federal) sobre indícios de superfaturamento e irregularidades em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tocadas pelo Departamento de Engenharia e Construção da Força Terrestre. Como o Alerta Total já antecipou, a tendência é que tudo seja abafado o máximo possível. “Ordens superiores” devem mandar parar com as investigações. Inclusive, no caso IME-Dnit, a tendência é pela punição de civis e de oficiais de patente abaixo de General.
Dificilmente, a Procuradora-geral de Justiça Militar, Cláudia Márcia Moreira Luz, encaminhará à Procuradoria Geral Militar ou à Procuradoria Geral da República qualquer pedido de abertura de ação cível – e muito menos penal – contra o comandante do Exército ou qualquer outro General. Ainda mais porque, se fosse o caso, Enzo teria foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal. A operação abafa é tão evidente que a nota oficial de ontem, do MPM, sequer teve a assinatura da Procuradora-Geral. Foi simplesmente chancelada pela “Assessoria de Comunicação Institucional” da Procuradoria-Geral de Justiça Militar.

Guerra Assimétrica
As revelações sobre o escândalo no Instituto Militar de Engenharia, envolvendo empresas de consultoria criadas por militares para fazer negócios com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, foram geradas para comprometer a imagem dos oficiais da área de Engenharia no Alto Comando do Exército.
Os “engenheiros” são hegemônicos desde a nomeação de Enzo Peri – que veio da reserva para chefiar o EB na gestão Lula, sob a desculpa de que ele era o oficial com maior antiguidade.
Insatisfeitos com a permanência de Enzo e com o desrespeito à rotatividade de cargo na gestão da chefona-em-comando Dilma Rousseff, os Generais de Forças Especiais querem retomar o comando da instituição.
Aproveitam-se, agora, da fragilidade de Nelson Jobim, prestes a deixar o governo, e da providencial onda de denúncias que afetam os “engenheiros”.

Quem era cotado
Se Enzo saísse, dois nomes estavam cotados para substituí-lo: Ítalo Fortes Avena e Marius Luiz Teixeira Neto.
Por mera coincidência, junto com Enzo, os dois Generais foram chefes do DEC (Departamento de Engenharia e Construção) do EB, entre 2004 e 2009.
A turma de Forças Especiais não tem um nome abertamente favorito para o cargo e a turma do Palácio do Planalto não gostaria que eles retomassem a hegemonia do EB.
E, agora, para complicar a briga interna, quem indica o Comandante do Exército é o Ministro da Defesa – que está deixando o cargo...

Quem vai ser punido?
Além dos Generais Enzo, Marius e Avena, o MPM do caso IME-Dnit envolve os nomes dos Generais que chefiaram o IME entre 2004 e 2009: Rubens Brochado, Geraldo Soares da Silva, Ernesto Ronzani, Emílio Aconchela e Amir Elias Kurban.
O escândalo revelou que um grupo de oficiais liderados pelo Coronel Paulo Roberto Dias Morales e o Major Washington Luiz de Paula criou seis empresas para abocanhar as concorrências do IME com o dinheiro do Dnit.
A tendência é que os militares de menor patente acabem servindo de bodes expiatórios para que nada ocorra aos generais acima deles.

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