12 de agosto de 2011

EXÉRCITO VAI GARANTIR SEGURANÇA DE SERVIDORES DA FUNAI EM ÁREA INVADIDA POR TRAFICANTES PERUANOS NO ACRE

Força Nacional e Exército vão garantir segurança de servidores da Funai e índios isolados
Decisão foi tomada após sobrevoo de representantes da Funai e das Forças de Segurança em área que teria sido invadida por narcotraficantes peruanos


Maloca de índios que vivem em condição de isolamento no Acre, em foto tirada durante sobrevoo realizada esta semana (Divulgação/Funai)

Um efetivo da Força Nacional será deslocado ainda esta semana para o município de Feijó, no Acre, para garantir a segurança dos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) que atuam na proteção dos índios isolados. Os policiais da Força Nacional atuarão na área até que cheguem ao Acre os oficiais do Exército, que atualmente estão no programa Operação Defesa da Vida.
A decisão foi tomada após visita do presidente da Funai, Márcio Meira, e da secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, ao Acre nesta terça-feira (09).
Meira e Regina Miki sobrevoaram a região onde no início de agosto teria sido invadida por narcotraficantes peruanos. Havia preocupação com possível perseguição a índios que vivem em condição de isolamento no território brasileiro, dentro do Estado do Acre.
Durante o sobrevoo à região de fronteira com o Peru, foram vistas malocas e roçados dos índios isolados.
A assessoria de comunicação da Funai informou que o bom estado das moradias e plantações indica que é baixa a possibilidade de que tenha havido contato com o grupo armado vindo do Peru. O local vem sendo monitorado pela equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Envira, da Funai.
A região concentra grande número de índios isolados, e há outros grupos que não foram avistados, o que mantém a preocupação com a segurança dos indígenas na região.
Em reunião posterior ao sobrevoo, Regina Miki e Márcio Meira definiram parceria com o Governo do Estado, Ministério da Justiça (Funai, Polícia Federal e Força Nacional) e Ministério da Defesa, com ações que serão tomadas para assegurar a proteção dos servidores que atuam na base, localizada às margens do rio Xinane, dos índios isolados e do território nacional.

Invasão
Funcionários da Funai, da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Envira, relataram a invasão do território brasileiro por grupos armados vindo do Peru.
O alerta, via rádio, partiu de indígenas do povo Ashaninka. No final de julho, a base da Funai, que fica a 32 quilômetros da fronteira do Peru e a cinco dias de barco do município de Feijó (AC), foi invadida e saqueada por traficantes peruanos, logo depois que a equipe da Funai deixou o local, por segurança.
A FPE é responsável pela proteção territorial dos indígenas isolados que vivem na faixa de fronteira.
A Funai comunicou a invasão ao Ministério da Justiça, que ofereceu apoio na mobilização da Polícia Federal.
A área é de difícil acesso e, por essa razão, uma semana depois da invasão é que foi possível dar início à operação do Comando de Operações Táticas (COT) e da Coordenadoria de Aviação Operacional (CAOP) na área, com o apoio logístico do Estado do Acre e do Exército.
Com ajuda dos mateiros que trabalham na Frente, a equipe de 25 policiais da Polícia Federal conseguir rastrear e prender o narcotraficante português Joaquim Antônio Custódio Fadista, no dia 3 de agosto.
Joaquim Fadista, que atua no Peru, já havia sido capturado na mesma base em março deste ano e encaminhado a Polícia Civil do município de Feijó. Ele era procurado pela Polícia Nacional peruana, por envolvimento com o tráfico de drogas.
A PF brasileira foi acionada, e o português extraditado para o Peru, mas voltou para Base do Xinane atrás da uma mochila, supostamente com droga, que havia escondido na área meses atrás.
A equipe da FPE Envira retornou para a base da Funai na sexta-feira (5). Artur Meirelles, Coordenador da Frente, e mais dois mateiros, conhecidos como Marreta e Chicão, foram buscar mais vestígios na área.
Encontraram um acampamento no outro lado do rio, onde havia um colchão, muitos sacos de açúcar, uma mochila com cascas de cartuchos roubados da base, e um pedaço de flecha dos índios isolados. Segundo Carlos Travassos, Coordenador Geral de Índios Isolados e Recente Contato (CGIIRC) da FUNAI, que está no local, a flecha pertence ao grupo isolado que vive nas cabeceiras do rio Humaitá.
O grupo ficou conhecido mundialmente quando foi fotografado pela primeira vez em maio de 2008 pela Funai.

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