8 de junho de 2012

Band fala em 'padrão medieval' do inglês dos controladores de vôo

Gravação mostra comunicação ruim em aeroporto
Do Jornal da Band
pauta@band.com.br


Durante um vôo da British Arways na rota Londres-Rio de Janeiro, os tripulantes tiveram dificuldade em entender o inglês precário de um controlador de vôo do aeroporto do Galeão, na capital fluminense.
A falha de comunicação aconteceu quando o avião se preparava para o pouso, um dos momentos mais arriscados de vôo.


Comentário de um sargento controlador de vôo sobre a matéria
...
Bom, acabei de ver a reportagem e acho que posso esclarecer um pouco, pois sou Controlador! Em resposta a senhora Clarice Oliveira: A senhora foi muito feliz no comentário! Não foi nada de "anormal" o que foi dito pelo Controlador. Estas frases são padronizadas, de acordo com o orgão regulador - ICAO - que é o mesmo para todos os países....oque foi dito foram limites de proa, rota e posições demarcadas em Cartas de Rota. Ele diz para o piloto voar na proa 250 (marcação normal de uma rosa dos ventos - 360 graus), e que ele está limitado a voar nesta proa até a magnética 100 do auxílio a navegação ( antena emissora de onda localizada no solo, registrada em Cartas de Rota, que emite sinais e a aeronave se localiza), no caso a estação Nova. Algo usual de todo turno de serviço. Acredito que o problema possa ter sido o sotaque e a transmissão que pode ter chegado com ruído ou interferência ao piloto. 
Em resposta ao comentário the Senhora Bianca Cardoso Marçal: A senhora se engana em alguns pontos. A maioria dos Controladores, 85% ou mais, são militares the Força Aérea ( Aeronáutica), e não existe nenhum vínculo com a INFRAERO. A Aeronáutica é a responsável pelo Serviço de Controle de Tráfego Aéreo do território nacional. Para ingressarmos no curso de formação, onde nos formamos Sargentos, temos que ter um nível de inglês intermediário, quesito mínimo e obrigatório. Durante o curso temos uma carga de inglês voltada para a aviação de modo geral e Controle. Depois de formados temos provas anuais que, dependendo do resultado, nos deixa aptos ou não para o serviço. Entretanto, este inglês é previsto para nossa fraseologia padrão, funcional, determinada pelo orgão citado acima, ficando proibido durante o trabalho conversas informais, com termos diferenciados com qualquer piloto, estrangeiro ou não. Não podemos dizer nem bom dia. 
Portanto cabe ao próprio Controlador decidir se deve ou não melhorar e engrandecer seu conhecimento em inglês. E aí que entra a parte salarial. Temos um dos trabalhos mais estressantes e perigosos do mundo, mas nosso salário e condições de trabalho aqui no Brasil são muito precários comparados a outros lugares do mundo, mesmo sendo um país com uma frota muito grande de aeronaves(estamos entre os maiores do mundo, perdendo para poucos). Por exemplo, ganhamos menos que nossos hermanos argentinos. Desta forma fica difícil para qualquer pai de família ter que bancar um escola de inglês particular, e acreditem, o governo não nos dá tudo de graça como muitos pensam.Fazemos nosso trabalho com muito amor à profissão e a pátria, afinal somos militares, mas infelizmente só somos lembrados em situações como esta. Espero ter ajudado.
Band/montedo.com

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