Vinícius Galante
Militares treinam tiro em escola na Academia Militar das Agulhas Negras; à direita, busto de Guilherme Paraense, primeiro brasileiro a ganhar ouro na história olímpica
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Foi o militar Guilherme Paraense que ganhou a primeira medalha de ouro da história no Brasil na Olimpíada. O feito aconteceu na prova do tiro na edição de Antuérpia (Bélgica), em 1920.
À época, Guilherme sequer sabia que estava fazendo história, mas hoje ele é inspiração para militares atletas que treinam na Aman ( Academia Militar dos Agulhas Negras), em Resende (RJ). Uma delas é a pernambucana Yane Marques, do pentatlo moderno, modalidade originária no exército.
Yane ganhou a medalha de ouro no Pan do Rio, em 2007, e a prata na edição de 2011, realizada em Guadalajara, no México. Entre os resultados destacados recentes está o sexto lugar na Copa do Mundo.
A reverência a Guilherme Paraense está em um busto do militar localizado na entrada da escola de tiro. Outro integrante do exército homenageado em Resende é o já falecido Cláudio Coutinho, técnico da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1978. Ele dá nome a um dos centros esportivos do complexo.
R7/montedo.com
Um pouco de história:
Guilherme Paraense (Belém, 25 de junho de 1884 — Rio de
Janeiro, 18 de abril de 1968) foi o primeiro esportista brasileiro a conquistar
uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Foi atleta do Fluminense Football
Club.
Militar integrante do Exército Brasileiro, com a patente de
tenente, Paraense embarcou para Antuérpia, em 1920, com mais sete companheiros
a bordo do navio Curvello, todos por conta própria, e desceram em Lisboa, de
onde prosseguiram de trem até a Bélgica, informados de que o navio não chegaria
a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Depois de uma viagem de 27
dias, na conexão em Bruxelas parte das armas e a munição de Paraense foram
roubadas.
Com tantos percalços, a equipe brasileira chegou aos Jogos
de moral baixa, com fome e sem material esportivo. Impressionados com a
situação dos colegas, os atiradores americanos lhes emprestaram armas e
munição, modernas e fabricadas especialmente pela Colt, e com elas os
brasileiros derrotaram seus benfeitores, ganhando ouro, prata e bronze no Tiro.
Paraense venceu a prova de Pistola Rápida, acertando na
mosca na prova de desempate individual e conquistando a primeira medalha de
ouro olímpica brasileira, em 3 de agosto de 1920, e foi medalha de bronze por
equipe na prova de Pistola Livre.
Ele morreu aos 83 anos de enfarte no Rio de Janeiro em 1968,
mais conhecido e reverenciado na Europa que no Brasil. O polígono de tiro da
Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende - RJ, leva seu nome em sua homenagem.
Tiro rápido 25 metros (masculino) Antuérpia 1920
Pos. | País | Atletas | Pontos |
---|---|---|---|
Brasil | Guilherme Paraense | 274 | |
Estados Unidos | Raymond Bracken | 272 | |
Suíça | Fritz Zulauf | 269 |