Golpe
Cai presidente do Egito Mohamed Mursi
Chefe do exército anuncia governo de transição, suspensão da Constituição e formação de um governo de tecnocratas
Captura de imagem da TV estatal egípcia mostra o ministro da Defesa, Abdel Fatah el-Sisi em pronunciamento após a deposição de MursiFoto: EGYPTIAN TV / AFP |
O chefe do Exército egípcio, general Abdel Fattah el-Sisi, anunciou nesta quarta-feira a destituição do presidente islâmico Mohamed Mursi. Ele será substituído pelo presidente do Conselho Constitucional, Adly Mansour, até a realização de uma eleição presidencial antecipada.
A Constituição também foi suspensa, anunciou o chefe do Exército, em um pronunciamento transmitido pela televisão.
Este anúncio causou uma explosão de alegria entre os opositores a Mursi que se reuniram em diversos pontos do país. Carros desfilavam buzinando na capital, enquanto a multidão que ocupa cada centímetro da emblemática Praça Tahrir explodiu em comemoração no momento do discurso.
Segundo Sisi, o exército vê que os egípcios chamam as Forças Armadas para dar apoio à população, não para tomar o poder, mas para servir ao interesse público e proteger a revolução. O general afirmou que o discurso de Mohamed Mursi na noite de terça-feira "veio contra as aspirações e demandas da população". Para isso, os militares consultaram figuras políticas, religiosas e jovens para elaborar um "mapa do caminho" que irá "construir uma sociedade forte e unificada.
Um governo de coalizão reunindo "todas as forças nacionais" e "dotado de plenos poderes" será encarregado de "gerir o período atual" de transição, acrescentou o chefe do Exército.
O plano inclui a suspensão temporária da Constituição e a formação de um governo interino formado por tecnocratas. Em todo o país, manifestações em massa organizadas por opositores e partidários de Mursi marcaram os últimos dias, o que aumenta o medo de novos confrontos entre anti e pró-Mursi, que já causaram 47 mortos e deixaram centenas de feridos desde 26 de junho.
O Exército mobiliza os seus veículos blindados para acompanhar os protestos no Cairo. Esta é a disputa mais séria entre manifestantes e o governo desde a eleição que garantiu a vitória ao agora ex-presidente Mursi em junho de 2012.
O líder opositor Mohamed ElBaradei, o patriarca copta Tawadros II e o grão-imã Ahmed al-Tayeb de Al-Azhar, principal autoridade sunita do Egito, devem a anunciar em como será a transição política antes da realização de novas eleições.
Segundo um colaborador ligado a Mohamed Mursi, o presidente fez um apelo para que todos os egípcios "resistam pacificamente a este golpe". Os militares egípcios assumiram o Executivo em um polêmico governo interino que manteve as rédeas do país entre a queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, e a chegada de Mursi, primeiro presidente civil e islâmico do Egito ao poder.
– O presidente pede a todos os egípcios que resistam pacificamente ao golpe de Estado, como ele mesmo fará – disse à AFP esse assessor que pediu para não ser identificado.
– O que fizeram é ilegal, não têm autoridade para fazer isso – ressaltou o colaborador de Mursi.
Zero Hora/montedo.com