25 de setembro de 2013

Família de soldado que se matou em quartel do Exército diz que ele sofria humilhações

Militar deixou carta de despedida alegando que estava "cansado" da rotina no Batalhão

Márcia Costanti, do R7


A 4ª Companhia de Polícia do Exército Brasileiro em Belo Horizonte abriu um inquérito para apurar a morte do soldado Pablo Soares Pereira, de 18 anos, que teria cometido suicídio dentro do quartel na última sexta-feira (20). Ele teria dado um tiro de fuzil no rosto no início da tarde. Pouco antes da morte, no entanto, o militar enviou mensagens de celular para a mãe, o pai e a noiva, se despedindo. Ele ainda deixou uma carta, onde relatava estar "cansado" do quartel. Com isso, a família agora culpa a corporação, alegando que o rapaz confessou que sofria constantes humilhações de outros colegas e superiores.
O comandante da companhia, Major Marcelo Neival, explicou que todos os procedimentos cabíveis foram tomados. Ele conta que foi chegou ao local poucos minutos depois de o tiro ser ouvido no quartel. Os médicos de plantão do local foram acionados, mas o rapaz já havia morrido. Segundo Neival, as perícias do Exército e da Polícia Federal analisaram a cena e concluíram inicialmente que se tratava de suicídio. Laudos conclusivos devem sair em até 40 dias.
O militar ressalta ainda que "seria uma surpresa muito grande" caso fique comprovado que o soldado sofria algum tipo de perseguição dentro do quartel, já que esta postura é "terminantemente proibida" pela corporação. Mesmo assim, o inquérito aberto irá apurar todas as condições que possam ter motivado o suicídio do rapaz.
— Ele tinha muitos amigos, inclusive cita o nome de mais de 20 amigos, todos com conotação positiva. A gente entende que a família quer achar um culpado, a gente se comove, mas eu acredito que em momento algum ele sofreu qualquer tipo de perseguição. Pessoalmente, eu não acredito, porque contraria todos os nossos valores.
Ainda conforme o comandante, a formação do combatente exige "certas privações", como a falta de descanso. Ele ressalta, no entanto, que a prática de tortura é "inadimissível".
Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta manhã, a mãe do soldado morto afirmou que o filho era vítima de bullying no quartel. Liliane Soares Pereira ainda argumentou que este não é um caso isolado no Exército.
— O que mais me marcava era ele falar das coisas que faziam com ele: cuspir no prato, humilhar, colocar eles no chão mesmo. Tipo assim: você não vale nada, você não vale o prato que você come, você é um cachorro. Falavam muitas coisas para ele, que não aguentou
Neival concluiu dizendo que a corporação "está procurando dar toda a assistência possível à família, porque entende o sofrimento que os pais estão passando".
R7/montedo.com

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