BANCADA BOLSONARISTA
Filho Eduardo tenta ser eleito por São Paulo; outros cinco nomes têm o apoio da família
Se um deputado como Jair Bolsonaro (PP-RJ) já costuma gerar polêmica por posições radicalmente à direita no Congresso Nacional, imagine dois deles ou uma bancada inteira de até sete nomes? É o que pode acontecer na Câmara se todos os candidatos apoiados pela família forem eleitos pelo Brasil. Além de Jair, que tem vitória praticamente certa no Rio de Janeiro, seu filho Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) também tem grandes chances de garantir uma vaga em 2014. Além do efetivo apoio do pai, que praticamente abandonou sua tranquila campanha para se dedicar à eleição do rebento, Eduardo Bolsonaro ainda conta com o apoio do colega de partido igualmente polêmico Marco Feliciano. A bancada "bolsonarista", no entanto, ainda pode contar com mais cinco nomes que disputam a eleição para deputado federal em vários Estados do Brasil, incluindo Minas Gerais.
Em conversa com o blog, o deputado Jair Bolsonaro, líder dessa eventual bancada informal, confirma o apoio aos candidatos que, segundo ele, "não têm condições financeiras para fazer campanha, mas são pessoas de bem". Ele confirma que, se eleitos, terão uma linha de atuação semelhante à sua, independentemente de governos ou oposições.
"Hoje a questão não é ser governo ou oposição. É que há grupos, partidos que fazem reuniões e apoiam o governo, pegam um ou mais ministérios, secretarias, e sabe-se lá o que acontece", diz ele, que considera a base parlamentar da presidente Dilma Rousseff "alugada".
Principal aposta de Bolsonaro para se multiplicar na Câmara, o filho Eduardo Bolsonaro, servidor público federal de 20 anos recém-completados, segue fielmente as orientações da cartilha do pai. Tanto que, procurado pelo blog, pediu desculpas para dizer: só pode dar entrevista se, antes, seu pai for procurado e aprovar as perguntas. A autoridade familiar, tanto propalada por Bolsonaro, parece ter feições realmente militares em seu núcleo privado. O patriarca, ao saber da resposta do filho ao pedido de entrevista, não escondeu a satisfação. Gargalhou antes de explicar: "É que sou mais velho, mais experiente, e ele me respeita muito".
Bolsonaro ainda tem outro filho candidato. É no Rio de Janeiro, mas a deputado estadual. Flavio, segundo o pai, é "preparado e boa pinta", contribuindo para ajudar a impulsionar os ideias da família de políticos. Com a vida tranquila em terras fluminenses, onde os Bolsonaros devem ser eleitos sem dificuldades tanto na Câmara quanto na Assembleia, Jair dá mais atenção no momento à campanha do mais novo, Eduardo. Por isso tem sido mais comum vê-lo em São Paulo do que no Rio.
"Ontem (quarta-feira) eu estive em Santos, anteontem em Campinas. Já estive em Pirassununga, em Ribeirão Preto, na região do Vale da Ribeira, em Aparecida. Em Campinas tive uma surpresa muito grande que foi ver a jovens da faixa etária de 15, 16 anos apoiando a campanha dele. Eu diria que não são jovens de direita. São jovens de direito", afirmou o patriarca da família.
Tanto ele quando o filho acreditam no sucesso da empreitada eleitoral.
"Ele é mais novo que eu, mas, apesar da idade, acha que vai ser eleito, sim. O (Marco) Feliciano deve ser o puxador de votos do partido e, com 70 mil votos, já deve ser possível ser eleito", disse ele.
Para isso, Bolsonaro aposta no nome e na legião de apoiadores que tem na internet. Só no Facebook, diz ele, são 600 mil. Assim, praticamente não é necessário gastar dinheiro para tentar fazer de Eduardo o mais novo deputado federal da família.
"Gastamos R$ 40 mil, basicamente para material impresso. O resto é com a internet, o Facebook, o fato de minha família ser lá do Vale do Ribeira também ajuda nisso", explicou.
Na foto, Eduardo e Jair, os candidatos familiares da bancada bolsonarista no Congresso (Reprodução/Facebook) |
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Outros nomes
Nem só de Bolsonaros de sobrenome a bancada pode ser formada. No site bolsonaro.com.br, o deputado federal do PP fluminense apoia mais cinco candidatos à Câmara dos Deputados. Três deles em Minas Gerais. São eles: Kelma Costa, Comandante França e o General Marco Felício. É uma bancada suprapartidária. Kelma, que é de Além Paraíba mas vive em Juiz de Fora, é do PTdoB. Bolsonaro diz a conhecer bem, destacando que "realiza trabalhos junto à Câmara". General Marco Felício é do DEM e, segundo o deputado, "faria um excelente contraponto no Congresso, por conhecer bem o esquema do Brasil". Comandante França, do PTC, é um ex-piloto da Força Aérea, que hoje comanda helicópteros em exploração de petróleo nas plataformas marítimas.
"Hoje para ser eleito ou você tem um nome ou você tem dinheiro. Eu tenho o nome. Eles não têm nem o nome nem o dinheiro, então tento ajudá-los", afirma Bolsonaro.
Além dos três mineiros, do pai famoso e do filho estreante, a chapa bolsonarista ainda tem, nas eleições para a Câmara, os seguintes nomes na disputa: Capitão Assunção (PRB), no Espírito Santo, e Sargento Fahur (PSDC), no Paraná. Todos ganharam versões online de santinhos, padronizadas com uma onça e o mapa do Brasil escrito "Selva!", em referência ao Exército.
Na guerra dos Bolsonaros no Congresso, os alvos são os já conhecidos pela atuação do primeiro deles a chegar por lá.
"Vamos buscar a reforma do Código Penal (endurecimento das penas), o planejamento familiar, a revogação do Estatuto do Desarmamento. Tem a questão da família tradicional, que é uma bandeira nossa, contra o ativismo homossexual. E, veja, há homossexual do meu lado. Homossexual que concorda comigo, que tem que acabar com esse ativismo, e que cada um tem cuidar de sua vida. Eu nunca tive problemas com os homossexuais. Isso as pessoas criaram. Eu comecei a defender a meritocracia, ou seja, a ser radicalmente contra as cotas, e passaram a me colocar como racista, mas não tem nada disso", afirmou o deputado.
O TEMPO/montedo.com