6 de maio de 2010

ALUNOS DE ESCOLA PAULISTA ESCREVEM AOS MILITARES BRASILEIROS NO HAITI. E RECEBEM RESPOSTA.


Exemplo
Uma lição de civismo e solidariedade
O exemplo foi dado pelos alunos da Divina Providência, ao enviar cartas aos soldados do Haiti
Márcia Mazzei
 
Acostumados a receber importantes lições de seus educadores, desta vez, foram os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I da Escola Divina Providência que deram o maior exemplo de resgate da cidadania e dos valores patrióticos. Com apenas 9 anos, Júlia de Piero foi uma das 72 crianças, que incentivadas pelas professoras Juareza Pereira e Renata Argento enviaram cartas e produziram desenhos aos soldados que compõem a força militar da missão de paz da ONU no Haiti. 
"Gostaria que eles soubessem que estávamos pensando e orando para que conseguissem cumprir esta missão de paz". As palavras de otimismo da pequena Julia tornaram-se um bálsamo aos cerca de dois mil soldados brasileiros de "capacetes azuis", como é conhecida a tropa que segue em missão de paz.
  Na teoria, a atividade extracurricular tinha como propósito colocar os alunos em contato com a realidade de um povo que sofre desde a queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide. Na prática, a iniciativa resultou num telefonema que a direção da instituição recebeu, no dia 09 de abril, do comandante maior da Marinha, Souza Filho, agradecendo o carinho e a atenção das crianças. 
Encaminhadas pelo general Madureira, conhecido de um funcionário da escola, as cartas chegaram a Porto Príncipe, graças ao espaço cedido em um avião das Forças Armadas. A repercussão foi tamanha que uma cerimônia, realizada no dia 29 de março, marcou a entrega das cartas dos alunos ao Batalhão Brasileiro no Haiti (Brabatt). Os trabalhos ficaram expostos para que todos pudessem compartilhar as mensagens.
Durante três dias, o general Madureira esteve em Haiti e conheceu de perto a luta incansável dos brasileiros que lideram a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). "Pela curta experiência que tive no Haiti, sei do valor expressivo destas cartas. Muito mais do que teria um presente", compara ele. Madureira aproveita a conversar com os alunos para exaltar a importância do patriotismo, em destaque apenas quando a seleção brasileira entre em campo. "Costumamos dizer que Deus e o soldado são lembrados apenas quando numa situação de guerra. Na paz, Deus é esquecido e o soldado relegado", diz.    
Para as crianças o melhor da surpresa ainda estava por vir. Mesmo diante da saudade de casa e da dor compartilhada com um país que sofre com a devastação provocada pelo terremoto em janeiro deste ano, os soldados desprenderam parte do tempo para retribuir o carinho recebido.   
Tão surpresa quanto os alunos, Juareza explica que a carta é um dos gêneros textuais desenvolvidos nas disciplinas de História, Geografia e Português. "Cheguei a fazer requisição de envelopes e selos, mas no Haiti não tem mais estrutura de correio". Para agilizar a entrega, as professoras formularam uma carta coletiva e escreveram a mesma na lousa. Cada criança escreveu a sua carta em 75 garrafas (usadas para tomar água) da escola, fechadas com fitas verde e amarela.
 
 O Brasil do Haiti
 O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.  A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe, também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.    

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