12 de julho de 2012

Marines ianques abrirão treinamento para mulheres

Pesado treinamento de resistência de marines nos EUA será aberto a mulheres
Atualmente, mulheres representam apenas 6% dos fuzileiros navais; dificuldade impede que muitos concluam o curso para Infantaria, independentemente do sexo

C.J. Chivers
Sob o sol escaldante de uma das piores ondas de calor das últimas décadas, um tenente dos fuzileiros navais deixou a floresta perto de sua base em Quantico, Virgínia, e se reportou a um capitão de Infantaria que estava em pé em uma estrada de terra perto dali. O capitão entregou ao tenente uma folha de papel. "Escreva seu nome e o horário neste cartão", disse o capitão. "Você tem cinco minutos para completar essa parte do teste. Não utilize materiais de referência. Quando terminar, retorne esta carta para aquele capitão, ele lhe dirá o que fazer. Comece", balançou a cabeça indicando um homem tatuado a alguns metros de distância.
O tenente se sentou no chão ao lado de outros jovens oficiais suados e tirou uma caneta de seu uniforme encharcado de suor. Outro oficial, que já havia completado seus cinco minutos de teste, aproximou-se do segundo capitão, que pegou seu cartão e expressou repulsa pois o tenente não havia escrito seu nome na prova e apontou para uma folha de papel laminado exibindo uma grade de coordenadas.
NYT
Teste para fuzileiros é um dos mais difíceis das forças americanas
As coordenadas seguintes indicavam para onde tenente deveria ir para a próxima fase do teste. Quando o tenente colocou as coordenadas em seu mapa, ele viu que, como muitas das estações anteriores, essa também estava a quilômetros de distância. Ele pegou sua mochila, seu rifle e começou a correr. A temperatura estava perto dos 37º graus.
Essa foi uma apenas uma parte do Teste de Resistência Durante Combate, exercício de introdução ao curso de resistência dos fuzileiros navais (marines) - um dos mais temíveis cursos das forças militares americanas e até agora dominado por apenas homens.
Essa sessão do curso pode vir a ser uma das últimas classe com apenas membros do sexo masculino. A partir de setembro, voluntárias do sexo feminino poderão participar desse teste, parte de um estudo para avaliar a viabilidade de permitir que mulheres possam servir em missões de combate mais extensos dentro dos fuzileiros navais.
O coronel Todd S. Desgrosseilliers, comandante da Escola Básica que supervisiona o curso, disse não ter preocupações à medida que o curso se prepara para aceitar mulheres. "Acredito que as mulheres conseguirão fazer as mesmas coisas que os homens", disse. "Nós esperamos que elas estejam em forma o suficiente para percorrer o percurso quando chegarem aqui, assim como os homens."
O Corpo dos Fuzileiros Navais não espera receber uma avalanche de mulheres voluntárias para o curso, embora algumas já tenham se registrado para a próxima rodada de testes. As mulheres representam apenas 6% dos membros dos Fuzileiros Navais e a natureza da escola impede que muitos fuzileiros navais concluam o curso, independentemente de seu sexo.
Os oficiais que supervisionam o curso permitiram que o New York Times acompanhasse os tenentes e observasse o teste em sua totalidade, desde que o teste não fossem descrito na íntegra e tampouco fossem divulgadas suas normas específicas, como duração e distâncias realizadas. Os alunos são orientados a não compartilhar detalhes deste teste e de outros exercícios do curso fora dos Fuzileiros Navais.
O major Scott A. Cuomo, o diretor do curso, também solicitou que parte do curso não fosse fotografada, pois, segundo ele, as fotografias poderiam acabar com um elemento surpresa essencial. (Essa foi uma das sequências de exercícios mais difíceis mentalmente e fisicamente, e três dos alunos desistiram.)
Durante todo o percurso, os alunos carregavam fuzis e mochilas, que eventualmente os deixavam exaustos. "Nós somos essencialmente uma organização que faz tudo a pé ", acrescentou o major. "Então você tem de ser capaz de carregar o equipamento que pode precisar durante o confronto. E você tem de ser capaz de lutar quando chegar lá e, se é um oficial, tem de ser capaz de pensar e tomar decisões durante essa luta de maneira que possa eventualmente levá-los à vitória."

Provas

Durante o curso, os estudantes eram constantemente interrompidos para realizar provas escritas ou práticas, que testavam seus conhecimentos sobre apoio de combate, navegação, armas, táticas, equipamentos de comunicação e muito mais.
Os alunos chegaram a uma piscina e tiveram de entrar na parte funda da piscina com seu equipamento, nadar uma certa distância e, em seguida, flutuar sobre a água por um determinado período de tempo. Já exaustos, os oficiais nadaram lentamente, tentando completar as voltas.
Em uma outra estação, cada aluno encontrou uma pilha de peças de armas misturadas: um amontoado de parafusos, molas, barris, molas e outros componentes. Aos tenentes foi dito que a pilha continha peças de armas de Infantaria americanas e estrangeiras e que deveriam remontá-las e garantir que estejam funcionando corretamente. Havia um limite de tempo, do qual os alunos não foram informados.
Em outro ponto, os tenentes estavam em uma pista de obstáculos, na qual tinham de completar várias voltas. Um oficial ficou para trás. Ele parou, continuou, parou. Não parecia que conseguiria subir a corda na última volta. Mas ele conseguiu. E se arrastou conforme passava por Cuomo, caiu de joelhos e vomitou várias vezes. Em um determinado momento ele ficou de quatro, com o pessoal médico de olho nele. Ele parecia que ia desmaiar, mas poucos minutos depois estava de pé. Um capitão apontou para outro cartão.
Cuomo não demonstrou nenhuma reação até que o homem voltou ao normal e se dirigiu para o bosque para sua próxima tarefa.
"Não existe muito espaço dentro do serviço militar onde você consegue levar um cara a esse extremo e não ajudá-lo, deixar que ele encontre a solução por si mesmo", disse o major. "Felizmente, esse é um dos lugares onde você pode fazer isso".
Pouco tempo depois que o teste acabou, Cuomo expôs os resultados. Dos 96 oficiais que haviam iniciado o teste de resistência, 76 passaram, sete desistiram, sete ficaram feridos e seis não passaram.
Aqueles que conseguiram estavam de volta à sala de aula, alguns fazendo curativos em seus pés sangrentos. Agora, com permissão para dar entrevista, vários admitiram que não tinham certeza que o teste havia terminado e esperavam que o capitão aparecesse com novas coordenadas para serem seguidas.
Ainda faltavam 80 dias para o término do curso. Logo em seguida, uma nova classe começaria novamente.
The New York Times/montedo.com

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