8 de março de 2013

General português diz que união militar da Europa é ideia 'esquizofrênica'

LOUREIRO DOS SANTOS SOBRE EUROPA DA DEFESA
General chama esquizofrénica a ideia de Merkel
General chama esquizofrénica a ideia de Merkel(LUSA) - O antigo ministro da Defesa Loureiro dos Santos considerou hoje "esquizofrénica" a proposta da chanceler alemã de a Europa assumir a sua defesa, num momento em que a crise mostra que a solidariedade entre europeus é um "mito".
Apesar de considerar que uma união militar da Europa teria a vantagem de reduzir custos a cada país, o general Loureiro dos Santos acredita que o objetivo está longe de ser realizado.
"Eventualmente poder-se-iam fazer economias de escala em certo equipamento", juntando capacidades e partilhando a sua utilização, referiu à Lusa. No entanto, o também antigo chefe do Estado-Maior do Exército não acredita que isso tenha hipóteses nesta altura.
"As tensões que se estão a criar no seio da União Europeia, basicamente por causa da forma como a resolução da crise está a ser feita, está a afetar os povos europeus e até a mostrar aos governos que aquela solidariedade mítica da União Europeia é, de facto, um mito", afirmou.
Para Loureiro dos Santos, cada estado defende os seus interesses nacionais e "isso é hoje muito visível no comportamento da Alemanha, da França, da Grécia, da Itália, de todos os países europeus".
"Pelo menos, enquanto essa situação se mantiver e os perigos que rondam a Europa, no sentido até de haver alterações na sua configuração geométrica", a união militar não deverá acontecer, sublinhou.
Por isso, Loureiro dos Santos considerou "esquizofrénica" a posição da chanceler alemã, Angela Merkel, que, na quarta-feira, defendeu que a Europa deve assumir a responsabilidade pela sua segurança e reforçar a cooperação na defesa.
Merkel falava no âmbito de uma reunião entre os líderes da Alemanha e França com os quatro países que constituem o chamado Grupo de Visegrado - Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria -- para preparar o Conselho Europeu sobre Defesa, que se vai realizar em dezembro.
Os responsáveis dos países presentes consideraram que a crise económica é uma oportunidade para relançar a "Europa da Defesa" e defenderam a necessidade de reforçar a cooperação entre a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
Para Loureiro dos Santos, o aumento dos perigos que a Europa enfrenta devia funcionar como um alerta para a necessidade de se ter mais meios militares e resulta de mudanças nos países árabes e nos Estados Unidos.
"Seria necessário, neste momento, aumentar os orçamentos de defesa, porque o que ameaça a Europa é muito mais perigoso do que era há alguns anos atrás", afirma.
"Essa periculosidade resulta de duas coisas que se conjugaram no mesmo sentido: a primeira foram as revoltas árabes e tudo aquilo que se passa na fronteira sul da Europa, que é muito preocupante" e a segunda é a mudança "da política norte-americana" em relação à Europa.
"Verifica-se uma alteração com grande impacto da política norte-americana", já que os Estados Unidos "entendem que devem ser os europeus a tratar dos seus problemas" e estão a deslocar o seu esforço estratégico para a região Ásia-Pacífico.
"São duas alterações que se conjugam e que exigem o aumento das capacidades militares dos países europeus", defendeu.
DN GLOBO (Portugal)/montedo.com

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