
Avião Rafale B 
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                   O suspense sobre a compra dos 36 caças para renovar a Força  Aérea Brasileira marcou este ano eleitoral no Brasil. Três empresas  estão na concorrência: a francesa Dassault com o Rafale, a sueca Saab  com o Gripen e a americana Boeing com o F-18. Depois de muito adiar, o  presidente Lula promete anunciar o vencedor da licitação logo após as  eleições. Isso prova o temor de que a escolha pudesse interferir na  campanha.
Há um ano, Lula chegou a declarar sua preferência pelos Rafale  da França, país com quem o Brasil tem uma parceria estratégica no setor  de defesa desde dezembro de 2008. Mas um relatório técnico da FAB, que  vazou para a imprensa, aponta o sueco Gripen, muito mais barato, moderno  e com melhor oferta de transferência de tecnologia, como a melhor  alternativa.
“O relatório da Força Aérea Brasileira tem uma preocupação muito  grande com os custos de manutenção dos aviões. Os Gripens tem um custo  muito mais baixo de manutenção e de horas de voo. Isso significa, do  ponto de vista da FAB, que ela terá condições de treinar um número muito  maior de pilotos, por muito mais tempo”, avalia o professor Antônio  Jorge Ramalho, especialista em defesa do Instituto de Relações  Internacionais da UNB, Universidade de Brasília.
Parceria França-Brasil
O presidente Lula vai escolher, mas a conta do negócio de mais de 10  bilhões de reais será paga pelo seu sucessor. Se o presidente tomar uma  decisão política, ele terá que justificar muito bem a escolha. “Não se  sabe exatamente o que a França daria ao Brasil em troca desta escolha”,  afirma o professor da UNB, acrescentando que o presidente Lula pode  tomar esta decisão “desde que ele explique satisfatoriamente à sociedade  o que se está recebendo em troca dessa concessão que parece, do ponto  de vista técnico, tão absurda”.
A parceria estratégica entre a França e o Brasil já existe.  Helicópteros e submarinos estão sendo construídos conjuntamente pelos  dois países. Para o professor, não convém acentuar a dependência  brasileira em relação à França no setor de defesa.
“O fato de ter deixado a decisão para depois das eleições evidencia  que é um tema que se tornou sensível politicamente e que na visão do  presidente, poderia dar munição à oposição”, estima Antônio Jorge  Ramalho.
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