3 de setembro de 2010

O RECRUTA MAIS FAMOSO DO MUNDO FAZ SESSENTA ANOS

Recruta Zero, nascido como crítica ao serviço militar dos EUA, é desenhado até hoje por seu criador

Um dos mais tradicionais personagens dos quadrinhos, o Recruta Zero completa 60 anos neste sábado. O atrapalhado soldado chega à sexta década de vida como um símbolo da crítica social feita por meio da indústria do entretenimento.
Criada por Mort Walker, a primeira tirinha de Beetle Bailey, o nome original do personagem, foi aprovada por William Randolph Hearst, magnata da imprensa que teria inspirado Orson Welles a rodar o clássico do cinema Cidadão Kane. Walker, 86 anos, desenha seu soldado sem interrupções há 60 anos, o que faz dela uma das mais antigas séries ainda elaboradas pelo autor.
Zero, na verdade, não nasceu como recruta. Era, inicialmente, um estudante universitário que não fazia sucesso. Em 1951, alistado no exército, preservou suas características - preguiçoso, atrapalhado e indisciplinado - e conheceu a fama.
Mort Walker queria, colocando seu recruta no exército, criticar o inferno que era o serviço militar nos EUA: sargentos sádicos e superiores distantes da realidade.
O sucesso no baixo escalão do exército foi imediato. Zero era amado por soldados rasos. Os militares de alta patente tinham ódio por ele.
A imagem de perdedor criada em torno do personagem é errada, segundo o próprio autor. Zero, usando seus truques e seu jeito atrapalhado, derrota seus opressores. "Ele é um grande vencedor, na verdade", afirmou Walker em recente entrevista ao Miami Herald.
Zero foi muito usado como objeto de crítica. Em 1969, a revista Mad tirou seu boné e na testa do personagem estava escrito "Saiam do Vietnã". Em 1990, foi censurada em jornais tira em que o recruta mostrava a bunda para os superiores. No início da década de 1980, as histórias foram acusadas de sexistas por movimentos feministas. No Brasil, as tirinhas podem ser lidas em O Estado de S. Paulo. A editora L&PM tem editados dois volumes de O Melhor do Recruta Zero, por R$ 11 cada uma.

(RODRIGO BORGES)
DESTAK JORNAL

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