1946: Nazistas condenados pelo Tribunal de Nuremberg são executados
Três cadafalsos foram instalados no presídio de Nurembergue para a execução, na manhã de 16 de outubro de 1946, de dez penas de morte contra representantes do regime nazista.
Conspiração, crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade – sob essas quatro acusações, os aliados resumiram os infindáveis crimes cometidos pelos nazistas.
Durante quase um ano, entre novembro de 1945 e outubro de 1946, o Tribunal Militar Internacional reuniu-se em Nurembergue para o julgamento de criminosos nazistas, após a Segunda Guerra Mundial. Nos 218 dias do processo, foram ouvidas pelo Tribunal 236 testemunhas. Cinco mil documentos foram recolhidos e analisados.
Em outubro de 1946, pronunciou-se o veredicto final contra 22 representantes do alto comando da Alemanha de Hitler. Hermann Göring, antigo marechal do regime, foi considerado pelos aliados comoo “nazista número 1″, após Hitler, Himmler e Goebbels terem cometido suicídio.
Além de Göring, outros onze acusados foram condenados à morte, entre eles os ex-ministros do Exterior, Joachim von Ribbentrop, e do Interior, Wilhelm Frick, e o ex-chefe de recrutamento de trabalhadores forçados, Fritz Sauckel. À pena máxima foram condenados ainda dois militares do alto escalão do regime nazista: Alfred Jodl e Wilhelm Keitel, chefe do Alto Comando das Forças Armadas.
Além das 12 penas de morte, o Tribunal condenou sete nazistas à prisão; em três casos, perpétua. Albert Speer, arquiteto preferido de Hitler e seu assessor, que durante a guerra tornou-se ministro de Armamentos e Munição, recebeu 20 anos de cadeia. Ele foi um dos poucos a confessar sua culpa, distanciando-se explicitamente do regime nazista. Sob protestos dos membros soviéticos do Tribunal, três dos acusados foram absolvidos.
Ao encerrar os julgamentos, o Tribunal de Nurembergue salientou: “Hitler e seu sistema provocaram um sofrimento enorme, além de privação e miséria, entre o povo alemão. Com o final desse processo, Hitler será desprezado e condenado como um dos autores desse infortúnio. O mundo, no entanto, deverá aprender do ocorrido que ditaduras como formas de Estado deverão não apenas ser odiadas, mas também temidas”.
Das 12 penas de morte, apenas 10 foram executadas. Martin Bormann, o assessor mais próximo de Hitler em seu primeiro quartel-general, estava desaparecido, sendo julgado à revelia e condenado à morte.
Hermann Göring suicidou-se na véspera do dia 16. Quando os seguranças do presídio perceberam que ele mantinha-se estranhamente imóvel deitado sobre seu banco, chamaram seus superiores e um médico. Este constatou a morte de Göring por envenenamento. Nunca foi esclarecido quem lhe entregou o veneno.
Deutsche Welle, via Correio do Brasil
Os acusados e suas penas
Martin Bormann – Vice-líder do Partido Nazista e secretário particular de Hitler. Condenação: morte por enforcamento (in absentia).
Karl Donitz - Supremo Comandante da Marinha; feito por Hitler, em testamento, Presidente e Supremo Comandante das Forças Armadas Alemãs. Condenação: 10 anos de prisão.
Hans Frank – Governador Geral da Polônia ocupada. Condenação: morte por enforcamento.
Wilhelm Frick – Ministro do Interior, proclamador das Leis de Nuremberg. Condenação: morte por enforcamento.
Hans Fritzsche – Diretor Ministerial e ajudante de Goebbels no Ministério da Propaganda. Condenação: Absolvido.
Walther Funk – Ministro da Economia e presidente do Banco do Reich. Condenação: prisão perpétua.
Hermann Goering – Comandante da Luftwaffe, presidente do Reichstag, segundo na hierarquia do Reich e ministro da Prússia. Condenação: Morte por enforcamento (suicidou-se na prisão duas horas antes de ser executado).
Rudolf Hess – Vice-líder do Partido Nazista. Condenação: prisão perpétua.
Alfred Jodl – Chefe de Operações da OKW. Condenação: morte por enforcamento.
Ernst Kaltenbrunner – Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich (RSHA), no qual incluía a Gestapo. Condenação: morte por enforcamento.
Wilhelm Keitel – Chefe do Alto Comando das Forças Armadas, a Wermacht. Condenação: morte por enforcamento.
Gustav Krupp – Industrial que usufruiu do trabalho escravo. Sem condenação.
Robert Ley – Chefe do Corpo Alemão de Trabalho. Suicidou-se na prisão.
Erich Raeder – Comandante chefe da Armada Alemã. Condenação: prisão perpétua.
Alfred Rosemberg – Ministro dos territórios orientais ocupados do Leste e ideólogo do racismo. Condenação: morte por enforcamento.
Fritz Sauckel – Diretor do programa de trabalho escravo. Condenação: morte por enforcamento.
Hjalmar Schacht – Ex-presidente do Reichsbank. Condenação: Absolvido.
Arthur Seyss-Inquart – Líder da anexação da Áustria e Gauleiter dos Países Baixos. Condenação: morte por enforcamento.
Albert Speer – Ministro dos Armamentos e Produção de Guerra. Condenação: 20 anos de prisão.
Julius Streicher – Editor do jornal anti-semita Der Stürmer e Diretor do Comitê Central para Defesa contra Atrocidades dos Judeus e Boicote de Propaganda. Condenação: morte por enforcamento.
Constantin Von Neurath – Ministro da RREE, protetor da Morávia e da Boêmia. Condenação: 15 anos de prisão.
Franz Von Papen – Ministro e vice-chanceler da Alemanha. Condenação: Absolvido.
Joachim Von Ribbentrop – Ministro das Relações Exteriores. Condenação: morte por enforcamento.
Baldur Von Schirach – Líder da Juventude Hitlerista. Condenação: 20 anos de prisão.