Brasil extradita militar, preso no Rio, acusado de massacre na Argentina
Antônio Werneck (werneck@oglobo.com.br)
Imagem: divulgação PF |
Trinta e cinco anos depois de participar do massacre de 22 presos políticos - fuzilados no dia 13 de dezembro de 1976, em plena ditadura militar argentina - o ex-major Norberto Raul Tozzo, de 66 anos, será extraditado nesta segunda-feira. Com segurança reforçada, Tozzo será levado para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, onde será entregue a policiais federais da Argentina que chegaram ao Rio esta semana, mostra reportagem publicada na edição desta segunda do Globo. O horário do embarque é mantido em sigilo.
O ex-major Tozzo foi preso em 2008 em Ipanema graças a um acaso. Hospedado num hotel da orla com nome falso, ele acabou se envolvendo numa confusão num restaurante e, como não apresentou documento de identificação, a Polícia Militar levou o caso à PF. Na superintendência da Praça Mauá, os policiais descobriram que se tratava de um militar procurado por crimes cometidos no período da ditadura militar argentina.
Tozzo ficou pouco tempo preso. Como o Supremo Tribunal Federal (STF) demorou a decretar sua prisão, ele conseguiu um habeas corpus e foi liberado. Quando a decisão saiu, a PF voltou a prendê-lo em 2008.
Na época do massacre do qual Tozzo participou, a Argentina era comandada pelo general Jorge Rafael Videla, que chegou ao poder após um golpe de estado que depôs a presidente María Estela Perón. A democracia só foi restaurada em 1983. Em 2010, Videla foi condenado à prisão perpétua e destituído da patente militar pela morte de 31 prisioneiros após seu golpe de estado.
O fuzilamento de 22 presos do qual o ex-major Tozzo participou ficou conhecido como o Massacre de Margarita Belén.