Jovem que acusa militares de tortura na Penha reconhece alguns integrantes da tropa, diz advogado
Reconhecimento foi feito na Força de Pacificação, mas 15 soldados estavam de folga
Marcelo Bastos
Jadson Marques/R7
Antes de fazer o reconhecimento, rapaz conversou com o delegado da Penha, José Pedro da Costa
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O jovem que disse ter sido torturado por militares na Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, identificou na tarde desta quarta-feira (14) alguns dos 32 militares que foram colocados à sua frente para reconhecimento formal na base da Força de Pacificação, na comunidade. A informação foi divulgada por seu advogado, Francisco Cordeiro, do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos (IDDH). O reconhecimento de local (onde a vítima afirma ter sido amarrada a uma árvore e agredida) deverá ser feito ainda na tarde desta quarta-feira.
Cordeiro preferiu não especificar o número exato de militares reconhecidos pelo rapaz para não atrapalhar as investigações. No entanto, de 12 a 15 homens que estavam de serviço no dia da suposta tortura não puderam participar porque estão de folga. O comando da Força de Pacificação marcará nova data para a apresentação desses que não estavam presentes.
O jovem chegou por volta das 11h desta quarta à comunidade. Ele estava acompanhado da namorada, que diz ter presenciado as agressões, e do delegado José Pedro da Costa, titular da Delegacia da Penha (22ª DP), que investiga o caso. O policial informou que à tarde deve voltar à favela com o rapaz para tentar fazer o reconhecimento do cenário onde teria acontecido a tortura.
O rapaz contou que foi levado para dentro da mata e amarrado em uma árvore, levando socos e pontapés. Segundo ele, os militares exigiram que contasse onde ficava o esconderijo dos traficantes da região e onde eram guardadas as drogas.
- Eles disseram que eu era olheiro do tráfico e me bateram para eu contar detalhes. Mas eu não tenho envolvimento, não sabia de nada.
Ainda nesta quarta-feira, a polícia pretende localizar uma moradora da Vila Cruzeiro que teria visto o momento em que o jovem foi abordado e levado à força. Até a noite de terça, não havia informações sobre o endereço ou nome da nova testemunha.
Exército afirma que jovem faz parte do tráfico
O Exército identificou o rapaz como olheiro do tráfico na Vila Cruzeiro. De acordo com o coronel Fernando Fantazzini, alguns militares reconheceram o jovem como um dos responsáveis pelo acionamento de um sistema de alarmes. Fantazzini explicou que o jovem alertava traficantes sobre a chegada do patrulhamento nas regiões de boca de fumo.
- Esse sistema é instalado em postes de luz. Nossas tropas perceberam que, quando passavam, uma pessoa ficava parada nestes postes. Então, descobriram que havia um interruptor que acionava uma campainha. Alguns de nossos homens reconheceram esse rapaz [que disse ter sido torturado] como um dos que acionavam o alerta.
R7/montedo.com