O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) completa esta semana três anos de existência. Ao fazer uma avaliação desse período, seu chefe, o general-de-exército José Carlos De Nardi, aponta o que considera hoje o principal desafio do órgão: avançar nas ações de interoperabilidade, ou seja, na coordenação de iniciativas conjuntas envolvendo Marinha, Exército e Aeronáutica. “Cada vez mais vamos procurar fazer com que as Forças trabalhem juntas e se adaptem à coordenação do EMCFA”, diz.
Com mais de meio século de serviços prestados à Defesa Nacional, De Nardi lembra que o Brasil foi um dos últimos grandes países a criar seu Estado-Maior Conjunto. Ele conta que na Europa e nos Estados Unidos há muito tempo existe essa estrutura. “Na América do Sul, fomos um dos últimos países a criá-la. No início, foi uma novidade que causou surpresa. No entanto, pouco a pouco a receptividade das Forças foi aumentando na consolidação de uma evolução irreversível”, esclarece.
Criado em agosto de 2010, o EMCFA planeja de forma estratégica o trabalho conjunto da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira. O órgão também presta apoio à atuação de tropas brasileiras em operações de paz, auxiliando ainda nas ações de defesa civil.
Em entrevista, o chefe militar fala sobre as conquistas e os desafios presentes e futuros do órgão, considerado o braço militar do Ministério da Defesa.
Qual foi, nesses três anos, a maior contribuição do EMCFA para o Ministério da Defesa?
Criar uma maior interoperabilidade entre as Forças foi uma das maiores contribuições do EMFCA. É muito importante que elas saibam falar entre si e conheçam o modus operandi uma da outra.
Outra participação importante do EMFCA foi levar cada Força pensar em trabalhar para o conjunto, e não individualmente. A Marinha, o Exército e a Força Aérea já começam a atuar num conjunto de operações.
Com o EMCFA, temos então uma coordenação geral desse trabalho, que deixa de ter característica eminentemente individual.
As operações conjuntas fazem parte do calendário do EMCFA. Que avaliação o Estado-Maior tem desse trabalho e quais são as novas operações previstas?
As operações conjuntas são uma decorrência da interoperabilidade. Todas as movimentações que contam com a participação de duas ou três Forças são coordenadas pelo Estado-Maior.
Quando uma Força trabalha isoladamente, como no caso do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, onde houve a presença de apenas da Força Terrestre (Exército), o EMCFA apenas acompanha os trabalhos.
Isso é diferente do que acontece, por exemplo, nas Operações Ágata, que são conjuntas e contam com a nossa coordenação. A Operação Laçador, que acontecerá em setembro, também está sendo planejada e coordenada pelo EMCFA.
A segurança dos grandes eventos, como a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, contaram com a efetiva participação das Forças Armadas. A atuação coordenada junto aos órgãos de segurança aconteceu como esperado?
As missões da Marinha, do Exército e da Força Aérea nos grandes eventos tiveram, sim, uma avaliação positiva. Dentro das competências do Ministério da Defesa, não tivemos problemas que levassem ao emprego extraordinário de efetivos das Forças, embora os militares estivessem prontos para atuar em colaboração com os estados que sediaram jogos, no caso da Copa das Confederações.
Atuamos na defesa de estruturas estratégicas, defesa do espaço aéreo, marítimo, defesa cibernética, controle de explosivo e contra terrorismo, com desenvolvimento operacional altamente positivo. Nas nossas reuniões de avaliação, já identificamos os pontos que ganharão atenção maior nos próximos eventos.
Com relação à Jornada Mundial da Juventude, já havia sido determinado que a segurança em Guaratiba seria realizada pelas Forças Armadas. Com a transferência dos dois últimos atos centrais do evento para a Praia de Copacabana, por decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), as Forças também cuidaram da segurança naquela região.
Vale ressaltar que já foram iniciados os preparativos para segurança na Copa do Mundo, envolvendo o MD, o Ministério da Justiça e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), sob a coordenação da Casa Civil. Para as Olimpíadas, a segurança deverá contar com os mesmos participantes da Copa nos níveis federal e estadual e as gestões necessárias já começaram a ser feitas com o Comitê Organizador Local (COL) e empresas ligadas à segurança desse evento.
Com relação ao emprego de contingentes brasileiros em países como o Haiti e o Líbano, dentre outros, como o EMCFA tem coordenado esse trabalho? Haverá modificações como reforço ou retirada de tropas nos próximos meses?
Muito se tem falado sobre esse assunto. A ONU é quem determina a diminuição ou aumento de efetivos nessas missões. Anualmente, uma secretaria das Nações Unidas define as mudanças no efetivo para o período de um ano, que se inicia sempre no mês de outubro.
A redução registrada no efetivo militar do Brasil no Haiti envolveu tropas que estavam naquele país em reforço devido ao terremoto. O objetivo foi adequar o efetivo aos moldes/quantitativo iniciais, registrados no período anterior à tragédia. Estamos aguardando a próxima definição da ONU com relação ao Haiti.
Quanto à Unifil, estive recentemente no Líbano quando fizemos a troca da Nau Capitania, navio que leva o Comando da Esquadra, e também estamos aguardando uma definição da ONU. A ideia é que a embarcação brasileira lá permaneça, bem como nosso almirante no comando da missão.
Quais metas do EMCFA para o médio e longo prazo merecem destaque?
A principal meta é a consolidação do Estado-Maior Conjunto no seio das Forças Armadas. Cada vez mais vamos procurar fazer com que as Forças se adaptem à coordenação do EMCFA.
O Brasil foi um dos últimos grandes países a criar seu Estado-Maior Conjunto. Na Europa e nos Estados Unidos, há muito tempo existe essa estrutura. Na América do Sul, fomos um dos últimos países a criá-la. No início, foi uma novidade que causou surpresa. No entanto, pouco a pouco a receptividade das Forças foi aumentando na consolidação de uma evolução irreversível.
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