Bueno pede investigação de general do Dnit e Ong envolvida em corrupção
O PPS vai acionar a Procuradoria da República no Distrito Federal para investigar a ligação do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general do Exército Jorge Fraxe, com uma Ong ambiental montada com o objetivo de desviar dinheiro público de obras do governo federal. A representação será protocolada nesta segunda-feira (03/10) pelo líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR).
Segundo reportagem da revista Veja , o general é o verdadeiro dono da Ong Instituto Nacional de Desenvolvimento Ambiental (Inda), envolvida na denúncia de pagamento de propina de R$ 300 mil para o fechamento de um contrato com o Dnit. O esquema foi revelado pelo diretor administrativo da entidade, engenheiro Mardel Morais, que garante que o militar é o verdadeiro dono da entidade.
Ainda segundo a revista, a negociação para o pagamento de propina não prosperou devido ao “estouro” do escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes. No entanto, o general acabou sendo nomeado para dirigir o Dnit e tem entre suas subordinadas uma funcionária que teria participado diretamente da cobrança do pedágio de R$ 300 mil para que a Ong do militar fechasse um negócio de R$ 600 milhões com o departamento de transportes. Apesar do negócio com o Dnit não ter prosperado, a Inda conseguiu fechar um contrato de R$ 264 mil com o Exército em troca de estudos para a implantação de vilas militares em Brasília.
“A farda não está acima da lei e não autoriza ninguém a desviar dinheiro público. É de se estranhar que a presidente Dilma, que anunciou uma faxina no Ministério dos Transportes, tenha nomeado para a direção do Dnit justamente um militar suspeito de envolvimento em corrupção. Cabe ao Ministério Público investigar esse caso para garantir que o propinoduto seja extirpado de vez do órgão”, cobra o líder do PPS.
PPS cobra da PGR que investigue “Farra da Caserna”
Além do caso envolvendo o Dnit, o PPS também cobra da Procuradoria Geral da República que abra inquérito para apurar o escândalo de corrupção batizado pela revista Carta Capital de “Farra da Caserna”. Em reportagem da edição desta semana (leia aqui), o veículo aponta que “25 oficiais de variadas patentes, incluindo sete generais e oito coronéis, são suspeitos de integrar um esquema que fraudou licitações, superfaturou contratos, fez pagamentos em duplicidade e pode ter desviado dos cofres públicos ao menos 15 milhões de reais entre 2003 e 2009, segundo os cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU)”.
Está nas mãos do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, uma representação encaminhada pelo Ministério Público Militar (MPM) que pede o indiciamento do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri. Segundo o argumento dos procuradores militares, ele tinha ciência do esquema de corrupção que envolve obras em diversas áreas, a maior parte delas no setor de transportes.
“Apoiamos o pedido do MPM para a abertura de inquérito. Enfrentamos os militares armados durante a ditadura e conquistamos, a duras penas, o retorno da democracia. Não é hoje, em plena democracia, que vamos compactuar com um pequeno grupo que se esconde dentro das Forças Armadas para patrocinar a corrupção. O Exército não merece isso”, avalia Rubens Bueno.
Segundo a Revista Carta Capital, o major Washington Luiz de Paula seria um dos milionários da “Farra da Caserna”, Ele é acusado de montar uma rede de empresas fantasmas beneficiadas no esquema e acumulou uma fortuna pessoal que surpreendeu os investigadores.
“Dados obtidos por CartaCapital revelam que o militar, com renda bruta mensal estimada em 12 mil reais, teria cerca de 10 milhões de reais de patrimônio em imóveis, incluindo um apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana, bairro nobre na zona sul do Rio, estimado em modestos 880 mil reais, certamente por falta de atualização. Seria proprietário ainda de duas casas na Barra da Tijuca, avaliadas em 2,9 milhões de reais cada. Em nome de seu sogro, que recebe uma aposentaria de cerca de 650 reais, estaria registrado um luxuoso apartamento de 2,8 milhões de reais na Barra (organograma à pág. 29). O inquérito que apura o caso revela, ainda, que o major movimentou mais de 1 milhão de reais em sua conta em apenas um ano”, relata a revista.
Carta Capital