7 de outubro de 2011

MILITARES BRASILEIROS EMBARCAM PARA O LÍBANO

Militares brasileiros embarcam para missão de paz da ONU Líbano

Thais Leitão
Cerca de 300 militares brasileiros embarcaram hoje (6) para integrar a missão de paz das Nações Unidas no Líbano, a Unifil. A fragata União deixou a base naval na Ilha do Mocanguê, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, no fim da manhã. A previsão é que chegue ao Porto de Beirute, a aproximadamente 15 mil quilômetros da costa brasileira, em cerca de um mês, após escalas em Recife, em Las Palmas, na Espanha, e Nápoles, na Itália.
O Brasil participa da missão desde fevereiro deste ano, quando o contra-almirante Luiz Henrique Caroli assumiu o comando da Força-Tarefa Marítima da Unifil, mas esta é a primeira vez que o país envia uma embarcação e um grande contingente de militares.
De acordo com o capitão de fragata Ricardo Gomes, comandante do navio, a participação brasileira nesta missão reforça a capacidade do país de atuar em uma área distante, de conflito e por um período prolongado. Ele explicou que os militares são responsáveis por controlar o tráfego mercantil na região.
“A fragata União vai funcionar como navio capitânia para exercer o comando efetivo do mar. O objetivo é auxiliar o governo libanês no controle das águas jurisdicionais para evitar a entrada de material não autorizado, como armas, ou que haja algum tipo de ilícito naquela região. É uma tarefa pioneira que vai permitir à Marinha demonstrar toda a sua capacidade de atuar em uma área nessas condições.”
O comandante destacou que o navio é considerado de múltiplo emprego, já que tem capacidade de atuar em todos os ambientes de guerra - de superfície, antiaérea ou antissubmarino. A fragata União servirá como ponto de apoio para um grupo multinacional, composto de três navios da Alemanha, dois de Bangladesh, um da Grécia, um da Indonésia e um da Turquia. Além disso, transporta um helicóptero AH-11A Super Lynx, um destacamento de mergulhadores de combate, que poderá realizar operações especiais, e um de fuzileiros navais, que ficará responsável pela segurança do navio.
Gomes também ressaltou que para amenizar a saudade durante os oito meses em que os militares ficarão afastados de casa e dos parentes, a embarcação conta com um sistema moderno de comunicação por satélite. Por meio dos equipamentos, os tripulantes terão acesso a serviços de telefonia, internet e televisão.
“O afastamento já faz parte da vida do marinheiro, mas este período é mais prolongado do que o habitual. Felizmente temos estrutura moderna e eles poderão até acompanhar o Campeonato Brasileiro de Futebol durante a missão”, acrescentou em tom bem-humorado.
Em meio a lágrimas que misturam saudade e orgulho, a baiana Carlinda Linhares, mãe do militar Alan Alves, foi se despedir do filho que se preparava para embarcar.
“Saudade a gente tem muita, mas tenho certeza de que eles vão fazer um trabalho brilhante. Essa carreira sempre foi o sonho dele e a gente tem que apoiar”, disse.
A dona de casa Seandra Linhares, casada há 13 anos com o cabo Renato Linhares, disse que já está em contagem regressiva para a volta do marido, prevista para junho de 2012.
“Apesar da felicidade de saber que ele vai integrar uma missão de paz tão importante, a dor é grande. As lágrimas já iam caindo enquanto eu arrumava as malas dele, não dava para conter. Agora, já estou pensando na festa que vou fazer quando ele voltar”, disse abraçada ao militar.
O cabo armamentista Rafael Alves também se despediu da mãe, Graça Maria Alves, antes de entrar na fragata. Com 28 anos de idade e dez dedicados à Marinha, o jovem encara a missão como um prêmio. “Tenho certeza de que essa viagem é um prêmio pra mim. A gente sofre quando fica longe, mas aprende muito com as experiências e volta fazendo planos para a carreira militar.”
Para a mãe de Alves, o mais difícil vai ser passar as festas de fim de ano e o Dia das Mães sem o filho por perto. “Essas datas marcam muito e sei que vou sofrer por estar longe dele. Mas vou ficar ansiosa esperando um telefonema”, brincou.
A Unifil foi criada em 1978 com o propósito de manter a estabilidade na região, durante a retirada das tropas israelenses do território libanês. Atualmente, tem um contingente de aproximadamente 13,5 mil pessoas, entre militares e civis de mais de 30 países, dentre eles o Brasil, e se encontra sob o comando de um general espanhol.

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