Jovita Feitosa venceu o preconceito e lutou nas forças armadas
Cearense cravou seu nome na história com sua atuação no Piauí.
Sana Moraes, com Caroline Oliveira e Karina Matos
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Aos 17 anos de idade, tomou uma decisão corajosa: cortou os cabelos, disfarçou os seios com bandagens, colocou um chapéu de vaqueiro e roupas masculinas para se alistar como voluntária do exército brasileiro na Guerra do Paraguai.
Escondida da família e vestida como um homem, chegou a Teresina e foi aceita como primeiro sargento no Corpo dos Voluntários. O presidente da província do Piauí, Franklin Dória se comoveu com o pedido da jovem para alistar-se junto aos 1.302 piauienses que foram enviados para lutar na Guerra.
Não conseguiu disfarçar suas feições femininas por muito tempo. Mesmo assim, de saiote e blusa militar, seguiu viagem passando por vários estados até desembarcar no Rio de Janeiro, em 09 de setembro de 1865. O gesto de Jovita teve grande repercussão nacional e foi alvo de manifestações populares. Foi ovacionada como heroína por onde passou.
Em São Luís e Recife foi recebida por autoridades locais, recebeu homenagem com espetáculos de teatro e jantou com presidentes das Províncias.
Dois meses depois de chegar ao Rio de Janeiro, em novembro de 1865, Jovita Feitosa teve seu embarque negado pelo Ministro da Guerra, que julgou sua condição de mulher incompatível com o serviço no fronte de batalha.
Permaneceu no Rio de Janeiro, mesmo depois da decepção de ter sido impedida de lutar na Guerra do Paraguai. Caiu em profunda depressão, após ser abandonada pelo amado, o engenheiro inglês, Guilherme Noot. Aos 19 anos de idade, em 1867, cometeu suicídio com uma punhalada no coração.
Jovita foi uma percussora, mas até hoje, 147 anos depois, ainda são raras as mulheres no fronte de batalha. No Piauí, todas prestam serviços na área de saúde. O preconceito impediu Jovita de realizar sonhos ainda maiores, mas abriu caminhos para os sonhos de muitas outras mulheres.
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