Paulo Ricardo da Rocha Paiva*
Muito barulho, o governo diz que investe em defesa, os militares desfilam com esperança renovada de poderem defender o Brasil como desejam, dissuadindo o inimigo da luta. Mas, merece investigação: não estariam sendo enganados? Afinal de contas, vence quem vende e não quem compra armamentos. Domínar a tecnologia de ponta é preciso, porém, estaríamos no rumo certo da busca por este desiderato vital? Que a nação exija audiência pública para debater sobre como se está encaminhando o processo de reaparelhamento das Forças Armadas! Que o Estado pondere os prós e contras da admissão desmesurada de empresas alienígenas em nosso redivivo parque militar industrial!
Até que ponto se compromete a defesa nacional quando, entre outras vulnerabilidades, se admite que: 40% das peças utilizadas nos blindados GUARANI devam ser fabricadas no exterior; a ELBIT, empresa israelense, se aproprie da AEROELETRÔNICA, que desenvolve, fabrica, manutene e viabiliza o suporte logístico de produtos eletrônicos para veículos aéreos, marítimos e terrestres, fornecendo os sistemas de aviônica para o Tucano e o Super Tucano, da EMBRAER, e para o caça ítalo-brasileiro AMX; a HELIBRAS, única fábrica latino-americana de helicópteros, seja controlada, em mais de 75%, pela EUROCOPTER, francesa, que por sua vez pertence em 100% à EADS (consórcio com participação dos governos alemão e espanhol); a BAESystems, inglesa, tenha sido selecionada para fornecer os sistemas de controle eletrônico de voo do novo jato de transporte militar KC-390 da EMBRAER e que, agora, segundo informes de fontes especializadas, esteja buscando “parcerias estratégicas” para participar das licitações do SISFRON-Sistema Integrado de Fronteiras e do SISGAAZ-Sistema de Monitoramento da Amazônia Azul, avaliados em US $15 bilhões?
Alerta! Grandes predadores militares, membros permanentes do “CS/ONU”, são atores suspeitos. Associações com empresas brasileiras inegociáveis, oferecendo parceria no desenvolvimento de tecnologia, com o intuito aparente de ajudar o País a queimar etapas, não escamoteariam, em tese, impedir qualquer avanço sem o seu aval?
*Coronel de Infantaria e Estado-Maior. Originalmente publicado no “Jornal do Comércio de Porto Alegre” em 6 de setembro de 2012.
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