MPF acusa Exército por discriminação de mulheres
Concurso para sargentos disponibiliza vagas para mulheres apenas nas áreas de saúde e música
Ao limitar a inscrição de mulheres somente para as áreas de saúde e música num concurso para sargentos, o Exército Brasileiro é acusado de discriminação de gênero pelo Ministério Público Federal (MPF). O procurador Anselmo Henrique Lopes, da Procuradoria da República no Distrito Federal, entrou hoje com ação na Justiça para garantir a participação de mulheres na seleção de sargentos para as áreas de combate, logística-técnica e aviação.
Segundo o MPF, o edital do concurso prevê que para concorrer a uma das 1,2 mil vagas oferecidas para essas áreas específicas é necessário ser do sexo masculino. Além de ser discriminatória, a exigência afronta a Constituição e as principais normas internacionais de direitos humanos, na avaliação do procurador.
"No presente caso, é evidente que não há motivo para a restrição dos cargos nas áreas de combatente, logística-técnica e aviação apenas aos candidatos do sexo masculino. Os cargos são compatíveis com o sexo feminino, bastando uma simples leitura dos cursos que compõem cada uma dessas áreas", diz o procurador, na ação em que pede a suspensão do concurso e a reabertura do prazo de inscrições com a possibilidade de participação das mulheres.
As provas intelectuais do concurso de sargentos do Exército Brasileiro 2014/2015 estão previstas para 13 de outubro. Na ação, o MPF pede também que o Ministério da Defesa seja proibido de fazer qualquer discriminação de gênero em concursos para entrar nas Forças Armadas, sob pena de multa a ser definida pelo juiz.
O Ministério esclarece em nota que a seleção para cursos de formação de sargentos do Exército também ofereceu vagas nas áreas de música e saúde. No entanto, apenas a área de saúde aceitava candidatos dos dois sexos. Foi necessária uma decisão judicial para que mulheres pudessem participar da seleção na área de música.
"De forma completamente discriminatória, o referido edital impôs como condição para inscrição e participação do processo seletivo, para as áreas de combatente, logística-técnica e aviação, ser do sexo masculino, excepcionando da discriminação, assim, apenas as áreas de saúde e de música. Com tal restrição de acesso pelas mulheres ao serviço público militar, o Estado brasileiro terminou por fazer promover uma discriminação de gênero em flagrante afronta à Constituição da República, às normas internacionais de direitos humanos que obrigam o Brasil e à legislação infraconstitucional", escreveu o procurador no pedido formulado à Justiça.
Folhapress/montedo.com