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ONU diz que solução de conflito no Congo depende de acção regional
A solução do conflito na República Democrática do Congo (RDCongo) depende de uma acção regional para combater os grupos armados, afirmou hoje à agência Lusa o general brasileiro que comanda a missão militar da ONU no país.
"Não é possível resolver o problema se não houver uma colaboração de todos os vizinhos. E existem mecanismos políticos discutindo essa colaboração para não permitir a atuação dos grupos armados que transitam de um lado para o outro", disse Carlos Alberto dos Santos Cruz à Lusa, por telefone.
O general realçou que o conflito na RDCongo não é restrito ao país, e envolve toda a região dos Grandes Lagos, incluindo Uganda, Ruanda, Burundi e Sudão do Sul, já que tanto rebeldes como refugiados de diferentes etnias cruzam as fronteiras. O êxodo também ocorre entre o Congo e a República Centro Africana, afirmou.
"Todos os atores são essenciais, tanto o governo congolês como o dos países vizinhos. Não há um mais importante do que o outro", acrescentou.
Segundo Cruz, a solução do conflito requer uma presença governamental nas regiões mais afetadas, uma melhor eficácia das ações de governo e a acomodação política de alguns grupos. A população do país, afirmou, "está cansada de tantos conflitos".
O conflito na RDCongo deixou 2,3 milhões de deslocados internos, segundo a ONU, e nos últimos dez anos causou a morte de 4 milhões de pessoas.
O general Santos Cruz comanda os cerca de 20 mil soldados internacionais da missão de estabilização da ONU no país. O contingente, que atualmente opera com dois terços de sua capacidade, irá receber um novo batalhão, do Malaui, até o fim do mês. As tropas de Angola e Moçambique não participam da missão.
"Nossa primeira tarefa é a proteção dos civis", disse o general. Os soldados, entretanto, também possuem a função de treinar as tropas congolesas.
Atualmente, o maior contingente dos soldados da ONU estão no leste do país, a região mais afetada. Em Goma, por exemplo, cidade que o general considera estratégica, há um programa de desmobilização para desarmar grupos rebeldes.
"Goma tem uma situação especial nesse conflito. Trabalhamos para não ter grupos armados em volta da cidade; para que fiquem, no mínimo, afastados", afirmou.
Questionado sobre a suposta atuação de hutus como mercenários, Cruz afirmou que há interesses políticos nas acusações feitas de um lado a outro. "Existem grupos armados, problemas étnicos, mas existe muita exploração política", disse.
"Tenho uma percepção pessoal, de que todos eles querem ter uma vida normal, em paz, e isso está faltando no Congo há muito tempo", acrescentou. (Lusa)
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