2 de agosto de 2013

"Todos eles querem ter uma vida normal, em paz", diz general brasileiro sobre conflito no Congo

General 
ONU diz que solução de conflito no Congo depende de acção regional
A solução do conflito na República Democrática do Congo (RDCongo) depende de uma acção regional para combater os grupos armados, afirmou hoje à agência Lusa o general brasileiro que comanda a missão militar da ONU no país.
ONU diz que solução de conflito no Congo depende de acção regional
"Não é possível resolver o problema se não houver uma colaboração de todos os vizinhos. E existem mecanismos políticos discutindo essa colaboração para não permitir a atuação dos grupos armados que transitam de um lado para o outro", disse Carlos Alberto dos Santos Cruz à Lusa, por telefone.
O general realçou que o conflito na RDCongo não é restrito ao país, e envolve toda a região dos Grandes Lagos, incluindo Uganda, Ruanda, Burundi e Sudão do Sul, já que tanto rebeldes como refugiados de diferentes etnias cruzam as fronteiras. O êxodo também ocorre entre o Congo e a República Centro Africana, afirmou.
"Todos os atores são essenciais, tanto o governo congolês como o dos países vizinhos. Não há um mais importante do que o outro", acrescentou.
Segundo Cruz, a solução do conflito requer uma presença governamental nas regiões mais afetadas, uma melhor eficácia das ações de governo e a acomodação política de alguns grupos. A população do país, afirmou, "está cansada de tantos conflitos".
O conflito na RDCongo deixou 2,3 milhões de deslocados internos, segundo a ONU, e nos últimos dez anos causou a morte de 4 milhões de pessoas.
O general Santos Cruz comanda os cerca de 20 mil soldados internacionais da missão de estabilização da ONU no país. O contingente, que atualmente opera com dois terços de sua capacidade, irá receber um novo batalhão, do Malaui, até o fim do mês. As tropas de Angola e Moçambique não participam da missão.
"Nossa primeira tarefa é a proteção dos civis", disse o general. Os soldados, entretanto, também possuem a função de treinar as tropas congolesas.
Atualmente, o maior contingente dos soldados da ONU estão no leste do país, a região mais afetada. Em Goma, por exemplo, cidade que o general considera estratégica, há um programa de desmobilização para desarmar grupos rebeldes.
"Goma tem uma situação especial nesse conflito. Trabalhamos para não ter grupos armados em volta da cidade; para que fiquem, no mínimo, afastados", afirmou.
Questionado sobre a suposta atuação de hutus como mercenários, Cruz afirmou que há interesses políticos nas acusações feitas de um lado a outro. "Existem grupos armados, problemas étnicos, mas existe muita exploração política", disse.
"Tenho uma percepção pessoal, de que todos eles querem ter uma vida normal, em paz, e isso está faltando no Congo há muito tempo", acrescentou. (Lusa)
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