FORÇAS ARMADAS BUSCAM FORNECEDORES NA REGIÃO
Michelly Cyrillo (michelly@abcdmaior.com.br)
O coronel Adalberto Zavaroni acredita no potencial da Região. Foto: divulgação |
O tema defesa nacional deixou de ser um assunto apenas militar e entrou para a agenda nacional. Os empresários do ABCD estão de olho nas demandas das Forças Armadas Brasileiras. Desde 2009, fabricantes de diversos segmentos buscam se inserir nos cadastros ou catalogação de fornecimento para Marinha, Aeronáutica e Exército.
A Prefeitura de São Bernardo pretende que as empresas da cidade atendam à demanda da Política Nacional de Defesa, elaborada pelo governo federal em 2005, que prevê o aumento do conteúdo nacional nos equipamentos das Forças Armadas. O município realiza diversas ações para fomentar o setor e implantou o APL (Arranjo Produtivo Local) da Defesa, que reúne empresários, sindicatos, universidades e poder público para estimular este fornecimento.
De acordo com a Abind (Associação Brasileira da Indústria de Defesa), atualmente existem no Brasil 130 empresas no setor, sendo a maioria de pequeno e médio porte. Destas, apenas 35 exportam seus produtos. A expectativa do governo federal é aumentar significativamente a quantidade de fabricantes desse ramo.
O coronel aviador Adalberto Zavaroni, representante do Ministério da Defesa, foi entrevistado pelo ABCD MAIOR e explicou a necessidade de as Forças Armadas expandirem a lista de empresas preparadas para oferecer produtos.
ABCD MAIOR- Por que houve a necessidade de criação de uma política nacional de Defesa?
ADALBERTO ZAVARONI- São diversos motivos, entre eles a modernização de nossos equipamentos. O Brasil tem se destacado diante do mundo em muitos quesitos. Não somos um País de guerra, mas precisamos estar prevenidos. Há anos não havia investimento nessa área. Outro principal motivo é diminuir a dependência de produtos estratégicos importados, sendo assim, criar e produzir diversos itens para fornecer para as Forças Armadas nos próximos anos. Para isso foi realizado um diagnóstico, implantadas novas legislações que preveem até isenção fiscal (Medida Provisória nº 544, que prevê benefícios fiscais e facilidade de financiamento para o segmento) e apoio para atrair fornecedores.
O procedimento para fornecer para as Forças Armadas é criterioso e exigente. Como funciona a catalogação?
A catalogação é realizada através das Agências de Catalogação das Forças Armadas. Para isso, é necessário que a ampresa tenha a documentação em dia e possuir técnicos fornecidos pelo fabricante que atendam normas e padrões exigidos. Seguimos o padrão da OTAN (Organização Tratado Atlântico Norte - política de defesa dos Estados Unidos e países europeus), que é bem detalhista e exigente. Apesar do critério rígido de fornecimento, o empresário do ABCD não deve desanimar. A criação do APL (arranjo produtivo local) de Defesa de São Bernardo fará a ponte e indicará os caminhos para buscar informações e se inserir no cadastro. Depois, a empresa estando apta pode estar na lista de cotação de preço e licitações para atender as Forças Armadas.
Quais os produtos que constam na lista de compras das Forças Armadas?
Todos os tipos de produtos, desde os de alta tecnologia, manutenção, vestuário, alimentação, armamento, higiene, limpeza e remédios. Precisamos abastecer as bases com suprimentos e manter os equipamentos em ordem.
Quais as vantagens comerciais do empresário brasileiro em fornecer para as Forças Armadas?
Os itens catalogados passam a ser conhecidos por mais de 50 países. Com isso, os fabricantes, além de atender a demanda interna, podem aumentar seus clientes para o mercado de exportação. Para fazer parte das empresas catalogadas terão que cumprir normas e exigências, com isso, otimizarão a qualidade do produto oferecido. Então, o empresário que ainda não tem algumas certificações, pode se esforçar para ter e, mesmo com o principal objetivo de fornecer para as Forças Armadas, estará ampliando o leque de clientes potenciais, que hoje ele não tem condições de atender por não cumprir algumas normas específicas.
Quais as vantagens para os municípios incentivarem as empresas em obter o cadastramento?
Tem o efeito da criação de mais empregos diretos (para cada emprego de alta tecnologia são criados mais quatro diretos na empresa), o que aumenta a renda da população, e aumenta a balança comercial do município, já que possivelmente essas empresas irão aumentar as exportações.
O ABCD é o maior parque industrial da América Latina, e já possui algumas empresas credenciadas para o fornecimento. A Região tem potencial para atender essas demandas?
O ABCD é conhecido pela mão de obra qualificada e experiência em produção. Acredito que as empresas podem diversificar a linha de produtos e atender ao setor de Defesa. Ou ainda serem subfornecedores, caso haja dificuldade em oferecer diretamente. O Ministério da Defesa está em busca de interessados, para isso participamos de evento no País inteiro divulgando a demanda. A Prefeitura de São Bernardo está à frente com a implantação deste APL de Defesa, e pode servir de modelo. É uma sinergia para atender ao mercado que precisa atender ao conteúdo local. O município está adotando ainda um parque tecnológico, que deverá operar também no fomento à indústria de defesa.
ABCD MAIOR/montedo.com