Desvio de armas provoca desligamento de três do Exército
Integrantes punidos que cuidavam do setor tinham cargos de confiança; para dificultar extravio, quartel muda rotina adotada
Michele Meireles
Apesar de as investigações do desvio de armas, ocorrido no 4º Depósito de Suprimentos (4º D Sup), no Centro, não estarem concluídas, três militares que trabalhavam no setor de armas do quartel já foram desligados do Exército. Além dos ex-militares, um civil foi indiciado no inquérito policial militar (IPM). Segundo o procedimento investigatório da 4ª Circunscrição da Justiça Militar, sob responsabilidade da juíza Maria do Socorro Leal, todos são suspeitos de "possível subtração de armamento e munições que deveriam ter sido destruídos pelo Exército". O comandante do 4º D Sup, coronel Sylvio Pessoa da Silva, informou que o quartel adotou novas medidas preventivas desde a descoberta do desvio e admitiu que possivelmente houve falha na fiscalização dentro da unidade. "Era um processo que permitia que uma grande quantidade de armas fosse entregue de uma única vez. Nesta manipulação, uma ou outra arma era desviada sem que os maiores responsáveis percebessem."
Ainda não se sabe desde quando a situação acontecia, e o comandante destacou que houve dificuldade em detectar o delito, já que "os militares que cuidavam deste setor tinham cargos de confiança. As pessoas que cometiam o crime estavam neste processo, isto facilitou que elas realizassem o crime". Outro fator que, na avaliação do comandante, pode ter contribuído para que o episódio acontecesse foi que, antes de o problema ter sido constatado, o quartel acumulava uma certa quantidade de armamentos para que fosse feita a destruição. "Fazíamos uma juntada. Agora, o trabalho está sendo feito semanalmente."
Coronel Pessoa destacou que a quantidade extraviada, por enquanto, ainda é pequena, e que nenhuma seria oriunda da Campanha do Desarmamento. "Uma arma que tenha saído já é muito grave. Sem dúvida, uma arma retirada de um aquartelamento tem um objetivo nefasto."
Apesar de o IPM já ter sido remetido à Justiça Militar e ao Ministério Público Militar, a unidade continua a fazer auditorias, revisões processuais e realiza um trabalho de inteligência em cima de imagens do circuito de câmera do quartel. "Temos um sistema que nos permite auditar se a arma foi retirada daqui e de onde veio. Militares também estão trabalhando na perícia metalográfica de todo o material apreendido na cidade, e esta auditagem vai nos permitir chegar a um resultado concreto."
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Catalogação mais apurada
Sem revelar o quantitativo de armar recebidas e destruídas nos últimos meses, o comandante do 4º Dsup informou que o quartel recebe duas vezes por semana armamentos e, por vezes, munições, provenientes da Campanha do Desarmamento, da Justiça e aqueles inservíveis aos órgãos de segurança pública. Elas são oriundas de Belo Horizonte, cidades do Sul de Minas e da Zona da Mata. Assim que chegam à unidade militar, as peças precisam passar por uma pré-destruição, que as inutiliza, e só depois é que elas seguem para uma siderúrgica, onde são derretidas.
Desde que o desvio foi detectado, a unidade passou a receber os armamentos em menor quantidade e realiza uma catalogação mais apurada destes materiais. O comandante do 4º DSup destacou que, assim que surgiu a suspeita do crime, em outubro passado, os militares que eram responsáveis pelo recebimento, catalogação, transporte e conferência das armas foram trocados de função.
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Tribuna de Minas/montedo.com