De olho na cesta de compras da FAB
Participante da concorrência de um novo caça para a Aeronáutica, a sueca Saab inaugura centro de pesquisa tecnológica em São Bernardo
Evandro Enoshita
Enquanto a concorrência para a escolha do novo caça da FAB (Força Aérea Brasileira) está suspensa, por ordem da presidente Dilma Roussef (PT), os participantes do processo de seleção se mexem para manter a sua influência dentro do País.
Depois da francesa Dassault, fabricante do caça Rafale, anunciar que fará investimento em empresas do ABCD, caso o seu supersônico seja escolhido pela aeronáutica, ontem foi a vez da sueca Saab - fabricante do caça Gripen - inaugurar o Cisb (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro).
O papel principal do Cisb, alvo de um investimento de R$ 50 milhões da fabricante sueca de aviões, será o de servir de ponte entre instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e as empresas.
“O processo de inovação tecnológica depende da velocidade. Nossa função será reunir quem financia com quem faz o projeto, para que possamos transformar conhecimento em capital, com a maior agilidade possível”, destacou o diretor do Cisb, Bruno Roldani.
Até o momento, 40 parceiros já se associaram ao centro de pesquisa, dentre empresas e instituições de ensino da região, como a UFABC (Univerisdade Federal do ABC) e o Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
Em relação aos projetos, 27 trabalhos de pesquisa - nas áreas de transporte, defesa, energia sustentável e desenvolvimento urbano - já estão programados para receber recursos do Cisb, incluindo o desenvolvimento de um radar costeiro brasileiro, além dos projetos do ônibus híbrido e de aproveitamento do lixo.
AVIÕES DE CAÇA
Presidente mundial da Saab, Häkan Buskhe ressalta que a criação do Cisb não tem relação com a venda do avião Gripen para a Força Aérea Brasileira.
“Acredito que é melhor dar alguma coisa antes de pedir. Essa foi uma forma de mostrarmos o nosso comprometimento com o Brasil”, afirmou.
Apesar do esforço em separar a escolha dos caças da criação do centro de pesquisas, o prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) fez questão de destacar a importância de ações como essa para influenciar o resultado da concorrência.
“Não sei quem vai ser o vencedor [da concorrência da FAB], mas acredito que um investimento como esse conta pontos e faz com que a concorrência se mexa. Quem quer vencer, precisa fazer um trabalho sério”, destacou Marinho.
E A BOEING?
Questionado pelo BOM DIA se a Boeing, fabricante do caça americano F-18 Super Hornet, pretende fazer um investimento semelhante na região, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo, Jefferson José da Conceição ressaltou que a administração já foi procurada com esse objetivo, mas nada de concreto surgiu nas conversas.
“Houve algumas reuniões entre a prefeitura e a Boeing, há cerca de um ano, mas está tudo um passo atrás desse projeto da Saab”, disse o secretário.
REDE BOM DIA
REDE BOM DIA