28 de maio de 2011

FUNK NA CASERNA: UM SARGENTO-AVÔ ENVERGONHADO.

Funk na caserna: "Meu neto jamais quis ferir a pátria", diz avô de soldado flagrado em vídeo
Em Dom Pedrito, atitude de militares dançarinos é reprovada

Carlos Etchichury | carlos.etchitchury@zerohora.com.br
Policial dedicado, Oliveira busca forças para superar o golpe - Emílio Pedroso / Agencia RBS
O clima é de velório na residência do sargento aposentado da Brigada Militar Alvino Garcia de Oliveira, 72 anos, um dos orgulhos da fronteiriça Dom Pedrito, município de 40 mil habitantes. Policial dedicado, militar cioso de seu ofício, tio Alvino, como as milhares de crianças e adolescentes que participaram de suas palestras sobre educação no trânsito o conhecem, busca forças para superar um golpe. O único neto homem dele, um adolescente de 18 anos, criado como filho desde os primeiros anos de vida, é um dos nove militares flagrados dançando ao som do Hino Nacional no ritmo do funk.
— Eu quero que o povo do Rio Grande e do Brasil saiba que foi um momento de fraqueza desses meninos. Meu neto respeita o Exército. Jamais quis ferir a pátria — desabafa Alvino.
Acompanhado da mulher, a inconsolável Aida Celina da Cunha Oliveira, 67 anos, tio Alvino recebeu Zero Hora quando o neto não estava em casa. Temeroso, o jovem prefere não se manifestar. As imagens dele, fardado, com outros recrutas na 3ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizado chocaram a família. Com a voz embargada, Aida se desculpa:
— Não tenho o que dizer. O senhor me perdoe.
A tristeza dos Oliveira é compreensível. Alvino é daqueles homens obstinados pela profissão, respeitador da hierarquia, defensor da disciplina. Em sua residência de alvenaria, nas imediações do campo do Cruzeiro, faltam paredes para tantas condecorações. Uma delas, a Medalha de Serviço de Policial, foi concedida pelo ex-governador Pedro Simon. Seu único filho, sargento como ele, é considerado um dos policiais mais caxias da região. Tolerava-se, portanto, o envolvimento de qualquer um dos 112 recrutas engajados em março no desrespeito cívico, menos o neto de Alvino:
— Eu espero que o Exército os perdoe, porque foi um ato infantil. Mas aconteça o que acontecer, vou estar ao lado do meu neto.
ZERO HORA

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 Comento:
O fato, claramente, está sendo superdimensionado.  Que o respeito aos Símbolos Nacionais é um dos mais importantes valores militares, ninguém discute. A repercussão do vídeo contribui,  é óbvio, para desgastar a imagem do Exército. O ocorrido enseja, evidentemente, uma sanção disciplinar.
Mas, e há sempre um mas em tudo, a apuração precisará levar em conta o contexto, sob pena de transformar recrutas em  criminosos.
Afinal, trata-se de jovens de 18 e 19 anos, com menos de quatro meses de serviço militar.  Não se pode cobrar deles uma maturidade que muitos profissionais não têm. Quantas bobagens desse tipo ocorrem nos alojamentos dos quartéis Brasil afora, sem maiores consequências? 
Aí, o Comandante da 3ª Companhia de Engenharia, pressionado e, certamente, assustado com a repercussão do caso, resolve, de imediato, instaurar um IPM para apurar um fato que, em si, poderia ser punido com uma simples detenção disciplinar de meia dúzia de dias.
É a mídia pautando (mais uma vez) os milicos.
 

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