Longe de casa, filhos precisam superar a saudade e passar o Dia das Mães longe
Apesar da distância, união entre eles permanece
Denise Waskow e Marcelo Oliveira
denise.waskow@diariogaucho.com.br
marcelo.oliveira@diariogaucho.com.br
Neste domingo, a distância vai impedir que muitos filhos abracem suas mães. Longe de casa por motivos de trabalho ou estudo, eles carregam a saudade como companheira. Elas não deixam de se preocupar se os filhos estão se alimentando bem e esperam que eles retornem logo para o ninho. Mas se mantêm fortes, para incentivá-los a realizar os seus sonhos. E os filhos levam pelo mundo os seus valores e ensinamentos.
- Ela tem um verdadeiro coração de mãe
O telefone toca na casa de Leontina Machado Santos, 89 anos, na Restinga, e ela avisa:
- É ele!
Coração de mãe não se engana. Do outro lado da linha, está o filho, o sargento Carlos Augusto Silva, 42 anos. Desde o dia 2 de março, ele está no Haiti, como um dos 810 integrantes do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz.
Os telefonemas diários são uma forma de tentar amenizar a saudade. Como toda mãe zelosa, Leontina sempre pergunta se ele está bem e se alimentando direito. E promete esperar o retorno do filho, que mora no mesmo bairro, com um mimo especial:
- Vou esperar com uma fornada de pão feito em casa. Ele come que dá gosto!
- A conselheira da família
Leontina tornou-se mãe de Augusto quando ele tinha um ano e quatro meses. Ela se casou com o avô biológico dele, Américo. Ajudou a criar os seus cinco filhos e mais três netos, incluindo Augusto. Aos poucos, a palavra mãe começou a ecoar pela casa.
- Eu nunca mandei ninguém me chamar de mãe. Mas eles todos chamam. Às vezes penso que até parece mentira, que não fui eu que criei toda essa gente - diverte-se.
Ela é a perfeita representação do coração de mãe, onde sempre cabe mais um. Está sempre pronta para cuidar, apoiar e aconselhar filhos, netos, bisnetos e tataranetos:
- Digo para eles: vocês que estudam, sabem da vida e vêm pegar conselho comigo.
- Festa, só quando ele chegar
Em agosto, Leontina completa 90 anos, mas vai esperar para comemorar quando Augusto voltar, o que está previsto para setembro. A festa ficará completa com a presença do filho que sempre foi estudioso, comportado e lhe dá muitas alegrias.
Casado e pai de duas filhas gêmeas, é a primeira vez que o sargento fica tanto tempo longe de casa. Neste domingo, não poderá fazer a tradicional visita para a mãe. À distância, deixa a sua homenagem para aquela que é a melhor mãe que Deus poderia ter lhe dado:
- Quero agradecê-la por tudo o que ela fez por seus filhos, pelo amor, pela formação, pela dedicação, pelo exemplo de cidadão e de vida. Te amo, mãe querida! -
Na despedida no aeroporto, Leontina segurou o choro para Augusto não ficar triste. Seu coração de mãe estava apertado com a partida do filho, mas feliz por saber que ele estava realizando um sonho.
ZERO HORA