11 de maio de 2017

FAB transportou 258 órgãos para transplante, diz balanço do governo

Decreto que ampliou oferta de aeronaves da FAB para ajudar pacientes foi lançado após reportagem do GLOBO

ÓRGÃOS TRANSPLANTADOS PELA FAB
EDUARDO BARRETTO EDUARDO.BARRETTO@BSB.OGLOBO.COM.BR 11/05/2017 4:30 BRASÍLIA - Onze meses após edição de decreto obrigando a Força Aérea Brasileira (FAB) a transportar órgãos, 258 já foram levados para transplantes pelos aviões da Aeronáutica. O decreto foi editado depois que O GLOBO mostrou que a FAB era obrigada a levar autoridades, mas não órgãos. O jornal revelou que 153 órgãos deixaram de ser destinados a transplantados entre 2013 e 2015 por falta de disponibilidade da FAB. Nos mesmos dias, a Força Aérea teve de levar autoridades para compromissos oficiais ou retorno a suas residências. De 2011 a 2015, foram 982 recusas, uma a cada dois dias.
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O número de quase dois órgãos carregados por dia desde o decreto será usado a favor do governo na próxima sexta-feira, quando completa-se um ano desde que Temer assumiu a Presidência interinamente. No Palácio do Planalto haverá uma reunião ministerial e deve ser feita uma cerimônia. O presidente cogita gravar um vídeo para as redes sociais enaltecendo as medidas que tomou no último ano.
Segundo dados do governo, 42% dos órgãos levados desde o decreto, em 6 de junho do ano passado, foram fígados, o equivalente a 109 órgãos. Em seguida vêm: 72 corações, 58 rins, dez pâncreas e nove pulmões. O levantamento considera os voos até o fim da manhã da última terça-feira. Antes de órgãos serem prioridades, por lei, para a FAB, os trajetos eram raros. No ano passado, de janeiro a junho, foram trasladados somente cinco: três fígados e dois corações.
A medida do governo Temer, à época no primeiro mês de interinidade, veio após divulgação de reportagem do GLOBO. O presidente determinou que sempre haja um avião da FAB em solo à disposição para carregar órgãos e até pacientes. Até então, órgãos podiam ser desperdiçados e cirurgias, inviabilizadas. Enquanto isso, a Aeronáutica era obrigada a atender pedidos de transporte de ministros da Esplanada e de presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Senado e da Câmara.
Em 21 de dezembro de 2015, por exemplo, um coração deixou de ser levado do Paraná ao Distrito Federal, e o paciente que o receberia morreu dois meses depois. Naquele mesmo dia em que a FAB negou o transporte, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha voou com a Força Aérea do Rio para Brasília.
O GLOBO noticiou também casos de transplantes realizados com sucesso já com a FAB fazendo o transporte dos órgãos segundo o novo decreto. Um deles foi o que levou um coração para o Distrito Federal. O órgão foi transplantado para a menina Ana Júlia, de 8 anos. Ela sofria de uma cardiopatia grave, vivia à custa de medicamentos e há seis meses esperava pelo coração de um doador. O órgão foi captado pela FAB em Minas Gerais e transportado para Brasília. A série de reportagens contando os problemas do sistema de transplante relacionados ao transporte aéreo recebeu este ano o prêmio Rei de Espanha. A menina Ana Júlia recebeu o Prêmio Faz a Diferença concedido pelo jornal por simbolizar a luta dos transplantados.
O Globo/montedo.com

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