MPE investiga se agente infiltrado estava entre detidos; isso é só parte da mitologia mixuruca dos esquerdopatas
Reinaldo Azevedo
É quase milagroso que o Brasil tenha cassado, em 13 dias, o mandato de uma presidente da República por crime de responsabilidade e o de um deputado, ex-presidente da Câmara, por quebra de decoro. Por que afirmo isso? Porque a elite que se assenhoreou das instâncias do estado adora bandidos. Se ele tiver, então, aquele sotaque inequívoco de “amigo do povo”, de “Marat da Avenida Paulista”, tanto melhor. Com a barbicha, a pança e o passado coxinha de Guilherme Boulos, então, pode passar por pensador da moral, entre um pneu incendiado e outro. Chega a ser estupefaciente.
Leio na Folha que o Ministério Público de São Paulo decidiu investigar a possível infiltração de um capitão do Exército no grupo de supostos (o “supostos” é por minha conta) manifestantes presos no dia 4 de setembro.
A dita infiltração foi noticiada pelo site “Ponte” e pela página eletrônica do jornal espanhol “El País”, que divulgou o nome do rapaz: William Pina Botelho. O Exército informou em nota que ele, de fato, pertence ao Comando Militar do Sudeste e determinou a abertura de “processo administrativo para apurar os fatos”. No MPE, o caso está a cargo da promotora Luciana Frugiuele, do Gecep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial).
No dia das detenções, ninguém se referiu a Botelho. Só depois seu nome começou a circular. Ele teria se aproximado do grupo por intermédio de uma das mulheres da turma, usando o nome Balthazar Nunes. E isso se deu por meio de redes sociais.
Então vamos pensar
Digamos, para efeitos de pensamento, que seja tudo verdade e que Botelho estivesse trabalhando para algum órgão oficial, o Exército que fosse. A infiltração, por si, não é crime nenhum. O mínimo que espero das Forças Armadas brasileiras, que respondem, segundo a Constituição, subsidiariamente pela ordem pública, é que estejam informadas, não é mesmo? Digamos mais ainda: sendo verdade, vamos fazer de conta que foi ele a ter acionado a polícia. Considerando os objetos encontrados com a turma, então fez um bem aos outros manifestantes, aos próprios detidos e à segurança pública. Mas ainda não basta. Nenhum dos detidos acusou o tal de lhes ter fornecido os apetrechos que justificaram a prisão.
Mas quero seguir pensando. A opção pela violência está dada desde sempre nessas ditas manifestações contra o governo Temer. Ou terei de lembrar de novo o que se deu nos protestos pró-impeachment? Acho realmente impressionante que o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal não se interessem em investigar, por exemplo, a atuação de Guilherme Boulos.
Mas isso cabe? Cabe! Este senhor lidera uma entidade que recebe farto financiamento público para, segundo consta, construir e/ou distribuir moradias. Tenha o MTST existência legal ou não, Boulos é a cara notória do movimento, que lidera as manifestações, e esse movimento, reitero, recebe dinheiro público do tal “Minha Casa Minha Vida Entidades”.
Sim, é espantoso que este país tenha cassado Dilma e Cunha. Parece ser um sinal de que o Congresso pode ser melhor do que o Ministério Público, aí tomado como uma unidade, pouco importa a esfera. Afinal, dada a violência das manifestações, o que a gente sabe é que o MPF decidiu, ao arrepio da Constituição e da lei, vigiar a Polícia Militar e que o MPE agora está empenhando em apurar uma suposta infiltração do Exército.
Mas ninguém se dedica, mesmo havendo o caminho, e acabo de apontar, em apurar a violência promovida por arruaceiros profissionais.
Claro! Este é o post de alguém que não aposta em conflito, luta armada e arranca-rabo de classes. Sei que outras visões de mundo são possíveis. A minha é apenas a do Estado Democrático de Direito. Que nem precisa ser “de direita”. Basta ser direito.
Ah, sim: os valentões podem pensar que têm o direito de achar que as coisas só se resolvem na porrada. Só não vale correr para abraçar a mamãe permissiva quando a sociedade deixar claro que não concorda.
Eu já achei algo parecido. Apanhei. Bati. E não fui pedir nem penico nem indenização.
Fui trabalhar.
Veja/montedo.com