15 de abril de 2016

O Adjunto de Comando e um texto didático (II): "isso não é para nós"

Mais um texto lúcido do comentarista Sgt MWF

"Isso não é para nós. ” 

Sgt MWF
Com essa sentença encerrei meu comentário publicado em 12 de abril de 2016 01:07. Aliás, foi devido àquela data, que decidi utilizar o pseudônimo SGT MWF (Sgt Max Wolf Filho). Em 12 de abril último, completaram-se 71 anos da morte daquele Sargento Paranaense. Lamentavelmente não somos bons na preservação e difusão de nossa história militar e, por conseguinte, pouco se sabe sobre fatos marcantes da vida desse intrépido Soldado. Sobre sua morte, apenas alguns sabem que Wolf foi voluntário para uma patrulha suicida. O comando necessitava de informações urgentes sobre o posicionamento inimigo a fim de ultimar o planejamento de ataque a Montese e por essa razão decidiu lançar uma patrulha de reconhecimento diurna. Qualquer Soldado de Infantaria sabe que, em um terreno ocupado pelo inimigo, uma patrulha deslocando-se sem a proteção da noite tem um alto potencial de risco. Por esse motivo, a patrulha foi constituída por 19 militares que se haviam destacado por competência e bravura em combates anteriores. Wolf foi voluntário para comandar. Sabendo do grande perigo que os aguardava, teria dito: “Eu vou na frente! ” Não consegui confirmar em registros históricos se ele realmente disse isso, mas é fato que “sua coragem invulgar e seu excepcional senso de responsabilidade” (http://www.esa.ensino.eb.br/maxwolf/) nunca permitiram que seus subordinados fossem submetidos a riscos desnecessários. Wolf sabia que a missão era suicida, mas também sabia que era necessária para salvar mais vidas. Morto, seu corpo foi recuperado três dias após a tomada de Montese. Esse é o Sargento que dá nome à nossa Escola. Esse é o Soldado cujo legado precisamos honrar. E como honrar tamanha história? Tomando conta de nossos subordinados. Isso é o que precisamos fazer...

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Esqueçamos os oficiais
Ele tem seu próprio mundo, com seus afazeres, com suas obrigações, preocupações, aborrecimentos e alegrias. Nós, Graduados, precisamos reconstruir e fortalecer o nosso! Não que eu ache que não precisemos dos oficias, precisamos sim! Tanto quanto eles de nós, mas necessitamos urgentemente parar de esperar que eles nos provejam com soluções, pois como eu escrevi acima, pertencemos a mundos diferentes e por esse motivo muitas vezes sua lógica não faz muito sentido para nós e vice-versa. Graças a Deus que é assim. Conseguem imaginar uma instituição como a nossa onde todos pensassem exatamente igual?
É nesse contexto que defendo a criação e desenvolvimento da nova função para nossos Graduados. Essa ideia não nasceu na mente de um oficial. Ela é fruto do trabalho, dedicação, profissionalismo e fé de muitos Sargentos (muitos já na reserva) que trouxeram experiências adquiridas fora do Brasil. Para alguns pode parecer impraticável a adoção de procedimentos desenvolvidos em outros países, mas lembro que importar soluções que dão certo economiza tempo e não significa necessariamente sua aplicação tal e qual foram concebidas lá fora. Essa nova função foi concebida a partir de uma experiência exitosa de 40 anos e que já foi adotada por vários outros exércitos. Será que nossa tentativa será pior que não fazer nada para mudar? 
Alguns arguem que não irá valorizar a todos. Infelizmente no primeiro momento não. Mas convém lembrar que isso ainda é muito novo. Tomará tempo ainda para a implementação, quem dirá para o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, o que só acontecerá com o empenho de todos nós. E nós podemos e devemos ajudar. Como? Simplesmente discutindo as ideias escritas aqui nesse blog. 
Ora, se temos um Graduado que, entre outras funções também será responsável pelo “bem-estar de todos os membros da família militar; além de tratar sobre outros assuntos que envolvam os Praças” (Agência Verde-Oliva/Montedo.com) porque não levar a ele tudo o que é escrito aqui? Outro detalhe é que essa função poderá fornecer oportunidades para fortalecer outras já existentes...
Vamos começar a pensar no Adj Pel/Sec, depois passemos para o Sargenteante e terminemos com o Sgt Brigada. Quais são os critérios de seleção para essas funções? Estamos empregando os melhores Graduados nesses postos-chave? Deveríamos! Se considerarmos que o processo de escolha para Adj Cmdo exigirá uma seleção criteriosa, como não avaliar o desempenho dos possíveis candidatos nessas funções? Será praticamente obrigatório selecionar militares que tenham desempenhado tais atividades, pois são elas que estão ligadas diretamente com o cuidar do subordinado. Então imaginem que um Cmt GC (Inf) demonstre possuir atributos para ser Adj Pel e que quando o for demonstre capacidade de liderança para ser um (verdadeiro) Sargenteante que, no desempenho de sua função, demonstre ser zeloso e preocupado com seus Soldados e que isso o indique para ser um Sargento Brigada e que nessa função ele realmente seja um modelo a ser seguido pelos demais Praças. Agora imaginem no futuro, essas três funções trabalhando uníssonas em prol dos Soldados da Unidade. Imaginem que todos os militares que desempenham essas atribuições em uma OM serão orientados pelo Adj Cmdo. Sim, pois sozinho o Adj Cmdo não fará nada. Imaginem quando esses militares estiverem agindo como um verdadeiro time, uma equipe, todos preocupados com os Praças da OM. Precisaremos que os oficias se preocupem conosco nesse dia? Essa é a ideia principal. Infelizmente meus amigos isso exigirá tempo.

Fazendo História 
Os Graduados que ora desempenham a função de Adj Cmdo, com toda certeza terão um papel histórico nesse processo, mas no futuro serão apenas retratos em alguma galeria de honra, pois a realidade é que os verdadeiros responsáveis pelas mudanças esperadas pelo Corpo de Graduados e demais Praças (sempre me refiro a nós dessa maneira – grafando em maiúsculo e distinguindo o graduado do não graduado) serão os garotos que estão iniciando a carreira hoje. Eles estarão – espero – livres dos vícios e contaminações que hoje nós carregamos. Por essa razão termino esse texto com a mesma sentença usada para iniciá-lo: “Isso não é para nós. ”

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