Forças Armadas
Novo batalhão de força de paz parte do RS rumo ao Haiti
Cerimônia de despedida, com a presença de familiares, aconteceu na tarde desta quinta-feira no 18º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Sapucaia do Sul.
Carlos Rollsing
Líder da missão de paz da ONU no Haiti desde 2004, o Brasil iniciou o envio de novas centenas de militares para o país caribenho, marcado pela pobreza, violência e devastado por terremoto em 2010.
À tarde, horas antes da viagem, parte da tropa participou de uma cerimônia de despedida, com a presença de familiares, no 18º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Sapucaia do Sul. A partida definitiva ocorrei às 23h desta quinta-feira, em voo que decolou do aeroporto Salgado Filho.
O Batalhão de Força de Paz que inicia a jornada é o 23º contingente enviado pelo Brasil. O grupamento terá 970 militares, a maioria do Exército, contando também com quadros da Marinha e da Aeronáutica. É o grupo com o maior número de mulheres: das mais de nove centenas de militares, 20 são do sexo feminino.
A primeira turma parte nesta quinta-feira, com 125 pessoas, das quais 75 iniciarão a jornada pelo Rio Grande do Sul. O 23º contingente somente estará completo no Haiti no início de dezembro, quando o grupamento anterior retornará ao Brasil.
O período de permanência no país caribenho é de seis meses. Subcomandante do Batalhão de Força de Paz, o coronel Oswaldo Sant'Anna explica que a tarefa é "manter o ambiente estável e seguro". Entre as atividades de rotina, estão a patrulha de cidades, segurança de instalações, escolta de autoridades e comboios.
Conforme os militares, atualmente os maiores riscos estão vinculados ao combate de gangues que cometem pequenos crimes e se enfrentam entre si.
O grupo que viaja agora terá uma tarefa extra: garantir tranquilidade para as eleições que se avizinham no Haiti. Com mais de 120 partidos, a nação conta com histórico de perseguições políticas e conflitos.
Em Sapucaia do Sul, a cerimônia de despedida também contou com a presença do chefe do Comando Militar do Sul, general Antônio Martins Mourão, que está de saída do cargo após causar polêmica com críticas de cunho político ao governo de Dilma Rousseff. Mourão não falou à imprensa e, na solenidade, fez um discurso de menos de cinco minutos. Desejou sorte à tropa, passou orientações básicas e mencionou retóricas militares como o "sacrifício da própria vida em nome do cumprimento do dever".
Um dos integrantes da equipe que parte é o capitão Carlos Almeida. Ele estava na companhia da esposa, Luiza, com parto previsto para janeiro. O militar pretende aproveitar parte dos 33 dias de folgas previamente garantidos para retornar ao Brasil e acompanhar a chegada da filha Lúcia.
— Fico tranquilo porque a família da minha esposa é de Porto Alegre. Estou muito feliz, é a realização de um sonho participar de um força de paz padrão ONU e auxiliar o Haiti — disse o capitão.
A última resolução das Nações Unidas definiu que as tropas brasileiras ficarão no país caribenho pelo menos até outubro de 2016. Como o grupo que agora inicia viagem permanecerá até junho, o 24º contingente já está sendo escolhido. Depois, dependerá da ONU prorrogar ou encerrar.
O subcomandante Sant'Anna comentou as opiniões divergentes sobre a liderança do Brasil na missão de paz. Disse que as manifestações de apoio servem como incentivo. E negou que militares brasileiros tenham envolvimento em episódios de abuso de força e exploração sexual, um dos principais argumentos dos críticos.
— A ONU fez uma pesquisa e, de todos os casos que aconteceram, nenhum foi cometido por militar brasileiro. Estamos lá há mais de dez anos e nenhum dos nossos praticou abuso sexual. É questão de honra para nós manter esse número em zero — afirmou Sant'Anna.
Zero Hora/montedo.com