Unidade de Taubaté está em preparação para jogos do Rio, em 3 de agosto; serão cerca de 400 militares e48 aeronaves equipadas com câmeras especiais; comando diz que soldados estão preparados para o pior
Xandu Alves / Gazeta de Taubaté
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O Cavex (Comando de Aviação do Exército) se prepara para enfrentar a variável desconhecida na equação da defesa nacional e da segurança pública nas Olimpíadas de 2016: o terrorismo.
Velho conhecido, o terror entrou ainda mais no radar do país após os ataques a Paris, em 13 de novembro, que deixaram 129 mortos.
O grupo radical Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados.
Comandante do Cavex, que tem sede em Taubaté, o general de brigada Achilles Furlan Neto, 53 anos, resume o raciocínio militar ante a possibilidade de ataques nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: “Não sou pago pela minha própria nação para acreditar que isso possa não acontecer em meu país”.
Em contraste com o pensamento majoritário de que o país não é alvo, Furlan Neto sabe que isso pode ocorrer. “O Brasil pode até não ser alvo de terrorismo, mas outros participantes das Olimpíadas o são”. Portanto, ele quer a tropa preparada para o pior.
“Todo soldado tem a missão de pensar nisso o tempo todo. Tenho que trabalhar com o pior cenário possível”, diz ele.
PREPARAÇÃO
No Cavex, os militares se preparam para o desconhecido. Desde 2013, quando o comando começou o planejamento para as Olimpíadas, os exercícios tornaram-se mais específicos visando os jogos, que reunirão 10,5 mil atletas de 206 países.
A missão foi dada pelo Coter (Comando de Operações Terrestres), órgão vinculado ao Comando do Exército, para que o Cavex atue contra o terror, em transporte de tropa, escoltando comboios e comitivas e atualizando a situação pelo “Olho de Águia”.
Trata-se de potente câmera acoplada embaixo de um helicóptero. A aeronave sobrevoa área envolvida em crise ou tumulto e envia imagens, em tempo real, para o comando geral das Olimpíadas, gabinete que reunirá representantes de todas as forças.
“Temos que pegar toda a capacidade que temos e focar o emprego para o Rio de Janeiro”, afirma o comandante.
Diante disso, o procedimento dos militares no Cavex, segundo Furlan Neto, foi avaliar a missão e o contexto atual para encontrar a melhor forma de preparação. Ante a possibilidade de ações terroristas, os helicópteros do comando serão indispensáveis para a defesa. “É uma máquina versátil, uma máquina de guerra sensacional”, diz ele.
Entre os treinamentos rotineiros e que serão reforçados para as Olimpíadas, como ocorreu na preparação para a Copa do Mundo, estão exercícios de voo de combate, voo por instrumentos, voo com óculos de visão noturna, voos diurnos e noturnos e inserção de tropa por meio de corda.
Todas as ações poderão ser indispensáveis numa situação de crise real. “As Olimpíadas são alvo para o terrorismo. Só não poderia dizer isso se fosse muito inocente e despreparado, e a nação não quer nenhum soldado inocente e despreparado”, afirma Furlan Neto.
Segundo o comandante, a regra é extrair o máximo da capacidade da tropa e deixá-la capaz de agir em quaisquer situações.
“Toda a potencialidade do homem e da máquina tem que ser treinada. Essa é a preparação e se torna específica quando se coloca data e um ponto determinado, o resto é nossa preparação constante”.
MÍDIA
Para Furlan Neto, a combinação de um evento esportivo de escala global com presença maciça da imprensa, também mundial, são ingredientes que elevam a preocupação para um eventual ataque terrorista ao Rio de Janeiro.
Ele sabe que o terror se nutre do choque, do escândalo, e não há situação melhor do que durante eventos mundiais ou com grandes aglomerações, como ocorreu em Paris. Dos 129 mortos, quase 100 estavam em uma mesma casa noturna.
“Olimpíadas são eventos com cobertura de mídia espetacular, e esse é o combustível principal para o terrorismo”, afirma o comandante.
Ele dá como exemplo os Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, em 1972. Embora tenham sido aplicados sistemas tecnológicos inéditos para controle das provas naquela ocasião, a imagem que ficou do evento foi a de terroristas do grupo Setembro Negro fazendo esportistas de Israel como reféns. Onze atletas foram assassinados.
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