Um feliz Dia dos Pais, meus amigos.
De repente, Pai!
Ricardo Montedo
É bem assim. De repente, não mais
que de repente, nos descobrimos pais. Ainda que já soubéssemos, já sentíssemos,
pois, ainda assim, é de repente.
Dobramos uma esquina qualquer da
vida e nos vemos aos braços com aquela trouxinha de gente, como se alguém nos
dissesse: “toma, o filho é teu!”
E lá ficamos nós, atrapalhados,
sem saber direito o que fazer com aquele serzinho em nossos braços, cuja
expressão parece dizer: “Cara, é tudo contigo...”.
E lá vamos nós, mergulhar de
cabeça nessa aventura maravilhosa chamada paternidade. E lá vêm os chás, lembrancinha
do Grêmio, mamadeiras, sono, fraldas, vacinas, sarampo, sono, varicela, xixi,
cocô, Hipoglós... - já falei do sono?- vacinas, dentes, papinhas, cólicas, assaduras
e - claro! – sono.
E lá vêm palavras
incompreensíveis, passos hesitantes, birras, sorrisos, caldinho de feijão,
tombos, pediatra, conta na farmácia.
E dê-lhe bolo de aniversário,
negrinho, guaraná, parabéns, velinha, choro, fotos, crianças enlouquecidas, chapeuzinho
de palhaço, garagem suja, Tchau! Obrigado por virem; cansaço, enfim, sós... só
que não!
E vêm escolinha, amigos, ‘A’
prôfe, reclamações, boletins, dia dos Pais no colégio, cartolina picada, cola,
tesoura, ‘olha o que eu fiz, Pai!’, orgulho, pai babão.
Sim, há uma era interminável
chamada adolescência, onde o objetivo é um só: sobreviver.
E lá vai a vida, nos levando à
reboque desses seres iluminados que ela plantou em nosso caminho, a quem
chamamos Filhos.
E lá vêm os cabelos brancos, a
barriga saliente, o churrasco para o genro, a esperança de ter uma nora, netos,
domingos em família, felicidade, enfim.
Só que nunca - nunquinha mesmo! –
deixaremos de vê-los como nossas crianças, eternas crianças, frágeis,
desprotegidas, precisadas de nós, seus pais.
Ser Pai é uma sina bendita.
E aos meus Filhos, digo: obrigado
por existirem. Este Pai só existe por vocês.