Caroline Maldonado
Produtores rurais se reuniram hoje com autoridades (Foto: Vanessa Tamires) |
Campo Grande (MS) - Para evitar confronto em fazendas ocupadas por indígenas na região sul, o Governo do Estado solicitou a presença do Exército Brasileiro. Em reunião com produtores rurais e autoridades, nesta manhã, o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, disse que a preocupação é com a soberania nacional, em vista de relatos de produtores de que indígenas paraguaios fazem parte do movimento, que os índios classificam como “retomada” e inclui 95 propriedades em MS, contando com a fazenda Primavera, em Antônio João, ocupada no fim de semana.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) conversou com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, depois de solicitação do senador Waldemir Moka (PMDB). “O ministro disse que só poderia mandar o Exército com autorização do Governo do Estado. Então eu coloquei eles em contato e por telefone o governador fez essa solicitação. Isso se trata de invasão, pois ocupação é um termo para propriedades que não estão sendo usadas e não é o caso das fazendas de produtores que estão há anos ali”, disse Moka.
Segundo Riedel, o empenho do governo para resolver a questão e evitar conflitos é no sentido de articulação junto a bancada ruralista para aprovação da PEC 71 (Proposta de Emenda à Constituição), que prevê indenização, pela terra nua e benfeitorias, a proprietários de áreas declaradas terras indígenas.
“As invasões afetam não só a produção, mas o ambiente institucional, a democracia, pois há relatos de que índios do Paraguai estão vindo também. Na segunda-feira, o governador fará reunião com o Exército e a Polícia Federal, porque a polícia do MS está presente, mas precisamos de reforço”, disse.
Para os produtores e deputados que apoiam a indenização das terras, o grande problema é a omissão do Governo Federal em relação a causa. A deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) esteve na reunião, que contou com representantes de 53 sindicatos rurais, na sede da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). “Já estamos angustiados, desanimados, porque tudo que podemos a Assembleia Legislativa vem fazendo. Temos cobrado, pedido ajuda, porque não depende só da gente, mas do Governo Federal”, disse a deputada, que pretende propor uma CPI (Comissão de Inquerito Parlamentar) para apurar o apoio do Cimi (Conselho Indiegnista Missionário) no movimento de retomada de terras.
Manifestação
Proprietários rurais e caminhoneiros bloquearam, em dois pontos, a MS-384, na quinta-feira (27) para chamar a atenção dos governantes para a situação, agravada com a ocupação da fazenda Primavera.
A área dos guarani-kaiowá em Antônio João foi homologada em 2005 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de duas décadas de reivindicação, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a homologação e o caso está parado há 10 anos. Conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os índios já ergueram acampamentos nas fazendas Primavera, Pedro, Fronteira, Barra e Soberania.
CAMPO GRANDE NEWS/montedo.com
Nota do editor
As informações são bem mais preocupantes do que o relato da repórter Caroline Maldonado. Aproximadamente 200 pessoas estão em vigília no Sindicato Rural de Antônio João, onde a situação é caótica. No distrito do Campestre, pessoas brancas foram expulsas por índios que, munidos de galões de gasolina, ameaçam pôr fogo na cidade. O CIMI ( conselho indigenista missionário ) está trazendo índios do Paraguai e Bolívia pra reforçar as invasões.
As imagens abaixo registram a destruição promovida pelos invasores na fazenda Primavera, na última quinta-feira: