19 de julho de 2016

Com 1/3 de atletas das Forças Armadas, COB libera continência na Rio 2016

Da Reuters
Os atletas olímpicos do Brasil integrantes das Forças Armadas, que representam um terço da maior delegação da história do país para a Olimpíada, foram autorizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) a prestar continência no pódio da Rio 2016, o que pode voltar a provocar polêmica como ocorreu nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.
Nomes como o judoca Tiago Camilo e a pentatleta Yane Marques, que estão entre os principais candidatos do país a subir ao pódio no Rio, fazem parte de um programa das Forças Armadas de incentivo ao esporte de alto rendimento, que terá como ápice a participação olímpica de 132 atletas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica nos Jogos de agosto.
Para o diretor-executivo do COB, Marcus Vinícius Freire, a saudação dos atletas à bandeira do país representa uma demonstração de patriotismo, sem nenhuma conotação política, portanto está dentro das regras do COI e não há por que proibir os militares do país de expressarem seu respeito ao símbolo nacional.
"O atleta pode expressar seu respeito à bandeira do país de várias formas diferentes, pode levar a mão ao peito, prestar continência, isso não representa uma manifestação política", disse Freire nesta terça-feira na apresentação para a mídia da base olímpica de treinamento do Time Brasil, que fica dentro de um quartel do Exército na zona sul do Rio.
Os atletas militares do país chamaram a atenção inicialmente nos Jogos Pan-Americanos de 2015 em Toronto, quando realizaram a continência no pódio pela primeira vez em um grande palco internacional. O gesto provocou polêmica por um suposto fundo político, uma vez que a Carta Olímpica proíbe demonstrações políticas, mas não houve qualquer tipo de restrição por parte dos organizadores do Pan-Americano.
No caso dos Jogos Olímpicos, o COI disse em nota enviada por e-mail à Reuters que "sempre faz uma avaliação caso a caso, com uma abordagem sensata, com relação a gestos como as continências militares", mas ressaltou que por enquanto esse é apenas um cenário hipotético.
Um dos episódios mais significativos de manifestações de atletas no pódio ocorreu nos Jogos de 1968 na Cidade do México, quando os velocistas norte-americanos Tommie Smith e John Carlos foram expulsos da Olimpíada após erguerem o braço no pódio dos 200 metros com o punho cerrado e luva preta, em um gesto de apoio aos Panteras Negras, grupo de combate à discriminação racial nos EUA.

SARGENTOS NO JUDÔ, NO VÔLEI E NO ATLETISMO
O programa das Forças Armadas do Brasil de incentivo ao esporte de alto rendimento começou em 2009, após o país ser escolhido para sediar os Jogos Mundiais Militares, diante da necessidade de formar uma equipe de esportistas militares capaz de representar com sucesso o país-sede do evento.
Diversos atletas reconhecidos ou com potencial de sucesso internacional foram recrutados pelo Exército, Marinha e Aeronáutica e passaram a receber salário e apoio para treinamentos e competições. Para isso, porém, precisaram passar por um treinamento de conduta militar com duração de quatro a seis semanas, em que foram orientados sobre a continência à bandeira nacional.
"O comprimento do militar é a continência", disse o general Décio Brasil, chefe do centro de capacitação física do Exército. "Durante esse treinamento eles aprendem, como todos nós militares, que fazemos a continência aos símbolos nacionais, como a bandeira, mas ninguém está obrigado a fazer isso no pódio. É uma questão do ensinamento que eles tiveram e do respeito que têm pela bandeira."
Entre os 132 atletas das Forças Armadas que fazem parte da delegação brasileira recorde de 465 competidores se destacam os judocas, representantes da modalidade que mais deu medalhas olímpicas ao país, com 19. A equipe feminina é formada por integrantes da Marinha, enquanto a masculina tem o apoio do Exército.
O boxe, o hipismo, a natação, o atletismo, o vôlei e o tiro estão entre os outros esportes com representantes militares nos Jogos.
UOL/montedo.com

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