Marcos Goto conta que foi convidado a conhecer trabalho de fomento ao esporte: "Vamos ver o lado bom: hoje o país está sabendo que existem projetos"
Gabriele Lomba
Rio de Janeiro
A continência de Arthur Zanetti no pódio da Rio 2016 causou polêmica. O técnico do ginasta, Marcos Goto, criticou o fato de o investimento das Forças Armadas só ser feito em nomes do esporte de alto rendimento. Um dia depois da conquista da prata, Marquinhos contou que só agora, depois do episódio, ficou sabendo de alguns projetos de fomento ao esporte de base e até foi convidado para conhecê-los.
Ouro em Londres 2012, Zanetti se uniu à Força Aérea Brasileira dois meses antes da Rio 2016. Em entrevista nesta terça-feira, no Espaço Time Brasil, o ginasta preferiu não se meter no assunto.
- Não vou entrar nesse aspecto não. Se quiser, ele está aqui do meu lado, é só perguntar para ele – disse Zanetti.
Marquinhos, então, respondeu.
- Não foi, de jeito nenhum, uma crítica ao que os militares fazem para o esporte. Não fiz queixa, dei minha opinião pessoal. Hoje fiquei sabendo que existem alguns projetos que fomentam o esporte. É uma alegria saber disso. Tanto eu quanto o país não sabíamos, hoje o país está sabendo que existem projetos. Vamos olhar pelo lado bom: acabou que todo mundo ficou sabendo. Fui convidado para conhecer a formação do esporte amador. Fui informado que vai ser iniciado um trabalho com ginástica. Então vamos ver o lado bom...
Ao lado de Zanetti e Marquinhos estava Marcus Vinícius Freire, diretor do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Ele lembrou que o “projeto militar” começou em 2008, quando o COB quis entender o motivo de potências europeias terem tantos militares em suas delegações. Era uma iniciativa tendo em vista os Jogos Mundiais Militares de 2011, no Rio de Janeiro.
Marquinho, em seguida, destacou o Bolsa Pódio, projeto do governo federal para auxiliar atletas.
- Quero parabenizar o COB e o Ministério do Esporte pela iniciativa. O Bolsa Pódio é o primeiro projeto que beneficiou o grupo multidisciplinar. Treinador, toda a estrutura foi beneficiada.
Confira a crítica de Marco Goto depois que Zanetti subiu no pódio.
- São militares? Ou são atletas que são militares? Eles não treinam lá, só são contratados por eles. Eu que dou treino para o meu atleta, não são militares. Polêmica sempre vai gerar, se presta continência ou se não presta. Se é militar, dá polêmica; se não é militar, dá polêmica. Tudo dá polêmica no Brasil. Não sei qual é o salário que dão para o Arthur. Gostaria que os militares fizessem um trabalho de base, tiraria o chapéu para eles. Agora, apoiar atleta de alto nível é muito fácil. Quero ver apoiar a criança até chegar lá. O dia em que os militares fizerem escolinhas e apoiarem iniciação esportiva, apoiarem treinadores, aí vou tirar o chapéu. Por enquanto, não. Pegar atleta pronto é muito fácil.
Globo Esporte/montedo.com