Vinte e quatro horas. Este é o tempo que o capitão da marinha José Alexandre de Araújo Dias vai correr a partir das 12h deste sábado (9) na 2ª Corrida pela Vida. Carioca, ele sobe a Serra de Petrópolis, no Rio, para dar início a mais uma ultramaratona focado em ajudar, pelo segundo ano consecutivo, a Comunidade Jesus Menino. Para o desafio, Alexandre vai contar com o apoio de atletas amadores da cidade, que estão se organizando para correr ao seu lado durante toda a prova.
A ideia do desafio surgiu no ano passado, quando Alexandre visitou a cidade para o show de uma banda e conheceu a Comunidade Jesus Menino. Ele conta que já sabia a história da instituição, mas, ao ver de perto a situação de 42 crianças e adultos, se sensibilizou e buscou uma forma de ajudar.
“Foi ai que, conversando com as pessoas da instituição, tive a ideia. Os atletas que forem correr comigo devem levar um mantimento, seja fralda geriátrica, leite, alimentos e material de limpeza, que serão doados à Comunidade. Acredito nesta causa e poder ajudar de alguma forma é satisfatório”, explicou.
A história de Alexandre com a corrida também chama atenção. Aos 49 anos, ele começou a correr em 2006, depois que levou um tiro em uma tentativa de assalto e ficou hospitalizado por sete dias. A bala entrou pelo braço, atingiu a lateral do peito, passou pelo pulmão, diafragma, abriu o estômago, perfurou cinco alças do intestino e parou bem próxima à artéria femoral.
“Fui atingido em Anchieta, quando voltava para casa. Perdi muito sangue, mas tive uma rápida recuperação. Lembro de sentir o gosto do metal da bala na boca. Desde então comecei a enxergar a vida de outra forma. Me dei conta que só levamos desse mundo os sentimentos, as amizades, a família. Que é isso o que realmente importa. Foi durante a recuperação que comecei a correr”, contou Alexandre.
E não parou mais. Hoje, Alexandre acumula no currículo centenas de provas de curta distância e 15 ultramaratonas. A última, realizada há duas semanas, foi um desafio pessoal. Ele foi do Rio de Janeiro a Aparecida do Norte, em São Paulo. Um percurso de 240 quilômetros. O intuito era pagar uma promessa. Para o sábado, Alexandre espera correr ainda mais que os 90 quilômetros que correu no ano passado no percurso em volta da Praça da Liberdade.
Grupos de corrida vão acompanhar o maratonista durante as 24h
Grupos de corrida e academias do município estão se organizando para acompanhar, durante as 24h, o ultramaratonista. Um deles é a Fôlego Zero, que montou uma tabela de horarios para que os atleta que compõem o grupo corresse, de hora em hora, ao lado de Alexandre.
“A iniciativa tem tudo a ver com o que os atletas de Fôlego Zero se propõem, que é reunir um grupo de amigos, para, além do exercício, poder ajudar uma causa e contribuir para comunidade”, declarou o presidente do grupo, Farli Gandra.
A corrida, que acontece no entorno da Praça da Liberdade e Avenida Koeler, terá barracas para apoio aos atletas que participarem do desafio.
“Espero poder contribuir para isso. A verdadeira razão é a vida. Quero que esse sentimento seja absorvido por todos, para que o motivo pelo qual me propus a fazer seja alcançado. Enquanto eu tiver pernas e podendo fazer alguma coisa para ajudar meu semelhante, eu farei” concluiu Alexandre.
Fonte G1
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