23 de dezembro de 2016

Sim, a Odebrecht também tem uma mão no Exército

Claudio Tognolli
A Justiça Federal decidiu na sexta-feira (16) aceitar denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o filho dele, Luiz Cláudio Lula da Silva, pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Zelotes, da Polícia Federal. A decisão foi proferida pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal.
As investigações apuraram que Lula, seu filho, e os consultores Mauro Marcondes e Cristina Mautoni participaram de negociações irregulares no contrato de compra dos caças suecos Gripen e em uma medida provisória para prorrogação de incentivos fiscais para montadoras de veículos. Segundo o MPF, Luís Cláudio recebeu R$ 2,5 milhões da empresa dos consultores.

Mas tinha mais.
Bem: vou te antecipar algo que não está nessa denúncia. É outra grande roubalheira. Leva o nome de Mectron, do grupo Odebrecht, da qual o BNDES tem capital de 27,2%.
Antes vale lembrar: há uma sociedade do grupo Odebrecht com Braskem, Petrobras e BNDES.
Braskem

Lembrando: A Braskem, maior petroquímica da América Latina, livrou-se de ter que pagar mais de meio bilhão de reais ao Fisco. A dívida vinha sendo cobrada judicialmente pela Fazenda Nacional desde 2006 e se referia a irregularidades cometidas entre 1992 e 1994 na correção dos balanços da Companhia Petroquímica do Sul (Copesul), hoje controlada pela Braskem.
Em dez de agosto de 2010, por três votos a um, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou prescritos os créditos tributários, pois quando a Fazenda iniciou a cobrança já havia passado mais de cinco anos da constituição da dívida. O relator foi o ministro Castro Meira

Mectron: voltando a ponto principal…
Março de 2011: Depois de negociar por cerca de quatro meses, o grupo Odebrecht assumiu o controle acionário da Mectron, uma das mais importantes empresas do setor de defesa brasileiro, fabricante de mísseis e produtos de alta tecnologia para o mercado aeroespacial. As negociações envolveram valores em torno de R$ 100 milhões, segundo a Folha apurou. Com 27,2% do capital total da empresa, o BNDES permanece como acionista da Mectron.
Os quatro fundadores da companhia –Antonio Rogerio Salvador, Azhaury da Cunha, Carlos Alberto de Paiva Carvalho e Wagner Campos do Amaral– também vão manter participação significativa de ações da empresa, situada em São José dos Campos.
Nesta data, o site Defesanet lembrou : “O superintendente da Odebrecht Engenharia Industrial, Roberto Simões, disse que a compra da Mectron demonstra que a empresa acredita muito no mercado de defesa, apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor, especialmente agora, com os cortes orçamentários anunciados recentemente pelo governo, um grande cliente. Independentemente disso, a Odebrecht tem como meta se tornar o maior “player” nesse segmento no Brasil.
Com a aquisição da Mectron, segundo Simões, o grupo pretende diversificar seu portfólio de produtos militares e ampliar a sua atuação, tanto no mercado de defesa nacional quanto no internacional. “A Mectron é uma empresa estratégica para o Brasil e a Odebrecht ajudará a companhia a se fortalecer para que continue atendendo as demandas das Forças Armadas e, principalmente, para que se torne uma base de exportação de produtos de alta tecnologia”, afirmou.

Agora um press release da Odebrecht, datado de 15 de dezembro de 2014:
A Mectron iniciará, no próximo ano, sua participação no projeto do Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (Integrated Platform Management System – IPMS) do submarino com propulsão nuclear que está sendo desenvolvido pela Marinha do Brasil, com assistência técnica do grupo francês DCNS. O IPMS é o sistema computacional com função de controlar e monitorar diversos equipamentos de submarinos.
O contrato celebrado entre a Mectron, empresa controlada pela Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), e a Amazul contempla o apoio técnico nos serviços de engenharia para participação no desenvolvimento do IPMS. Com prazo de conclusão de dois anos, os trabalhos serão iniciados em fevereiro de 2015 e realizados por uma equipe de engenheiros da Mectron, juntamente com especialistas da Marinha. Os serviços serão realizados no escritório técnico de projetos e submarino localizado no CTMSP – Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo.
“Estamos orgulhosos por mais esta conquista e com a crescente participação da Mectron no PROSUB, assegurando o domínio tecnológico nacional não só para a estrutura dos submarinos, já sendo fabricada no país pela ICN, mas também para os complexos sistemas neles embarcados”, diz Gustavo Ramos, DiretorSuperintendente da ODT/Mectron.

Desova 1: a venda da Braskem
Em 22 de setembro passado, a Folha de S. Paulo verberou que a venda da fatia da Petrobras na Braskem depende de uma negociação com os futuros donos e sócios remanescentes para que sejam transferidos ao comprador vários direitos que a estatal tem hoje na direção da empresa do setor de petroquímica. Sem essa negociação, a cúpula da estatal avalia que a venda (parte dos planos da empresa de negociar seus ativos para reduzir dívida) perderia valor de mercado e não faria sentido negociá-la.
A Petrobras tem como sócia o grupo Odebrecht, que tem 38,3% do capital total e é o controlador da companhia, com 50,1% do capital votante.
A estatal tem 36,1% do capital total da Braskem e 47% do votante. O BNDES é dono de 0,5%, e o restante é negociado em Bolsa de Valores.

Desova 2: a venda do braço armado da Odebrecht
Agora, dia 15 de dezembro de 2016, a Agência Bloomberg noticiou que a fabricante israelense de tecnologia de defesa, ELBIT Systems, está negociando com a Odebrecht para comprar o setor de defesa da Odebrecht.
A Bloomberg diz que o motivo da venda é o escândalo político em que a Odebrecht está envolvida, no âmbito da Operação Lava Jato. As negociações estão em andamento e os valores estão na casa dos US$ 50 milhões. De acordo com a DefesaNet, vale mais a pena para a Odebrecht manter sua presença no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e abrir mão de outros projetos no setor.
Porém, ainda não está claro quais atividades da MECTRON serão adquiridas pela ELBIT caso as negociações avancem. A empresa deve se interessas pelos sistemas relacionados ao caça Gripen NG, desenvolvido pela sueca SAAB junto com a Força Aérea Brasileira e pelo LINK-BR2, sistema que está em desenvolvimento e deverá ser integrado a todas as aeronaves da FAB.
Bom: olha que coincidência!!!!! Seja na Marinha, seja no submarino, seja na Força Aérea, seja nos caças Gripen, a Odebrecht meteu mão gorda em tudo!!!!!
Veja em anexo o contrato sigiloso, obtido por este blog, da Mectron (Odebrecht) sobre o nosso submarino bilionário!!!!

Perguntas que não querem calar:
- A Odebrecht foi aconselhada pela turma do Lula a comprar uma empresa para participar de licitações do Ministério da Defesa ?
- A decisão de compra só demorou porque o PT esperava a Odebrecht ser certificada e participar do fornecimento dos serviços ?
- Por que foi chegar a Lava Jato e a Odebrecht está se livrando de seu braço armado?
Yahoo Notícias/montedo.com

Nota do editor:
Vale lembrar que a Amazul (Amazônia Azul) é uma empresa estatal criada em 2013 para trabalhar na área de projetos do Prosub. A Marinha e a Odebrecht se encarregariam da construção.
Dois oficiais generais assinaram em nome da empresa o contrato citado pelo Yahoo: o Vice-Almirante Ney Zanella dos Santos (Presidente) e o Contra-Almirante Agostinho Santos do Couto (Diretor de Administração e Finanças).

Arquivo do blog

Compartilhar no WhatsApp
Real Time Web Analytics