Falta de interesse político do Congresso Nacional emperra todo investimento para a segurança das fronteiras do país
O Exército Brasileiro só não aumenta sua presença nas fronteiras por falta de dinheiro e desinteresse político do Congresso Nacional. Pelo menos é o que justifica o ministro da Defesa, Raul Jungmann, que esteve em Mato Grosso do Sul para acompanhar os trabalhos de uma operação das Forças Armadas em área fronteiriça.
As declarações de Jungmann ocorrem dias depois que Jorge Rafaat Toumani, chamado de "Rei da Fronteira" e apontado como um dos maiores traficantes de drogas da região, foi morto em um atentado no Centro de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã. No ataque, até armamento antiaéreo foi utilizado.
O avanço da violência na fronteira – além da morte de Rafaat, na terça feira um policial civil foi assassinado em Paranhos, outro município na fronteira – no mesmo período da Operação Ágata 11, teoricamente feita pelo Exército para inibir criminosos, colocou Jungmann em uma saia justa em entrevista coletiva na tarde desta sexta. Ao jogar a culpa pela ausência dos militares na fronteira à crise financeira e ao Congresso, se viu obrigado a defender suas tropas.
“Estamos engessados por falta de recursos. O Brasil vive uma estagnação financeira e isso tudo reflete na questão de aumentar efetivamente a fiscalização na fronteira. O Exército dispõe de recursos humanos, logística e demais predicados para fazer esse trabalho, mas falta vontade política. Não falta vontade da parte do Ministério da Defesa, mas sim a liberação de recursos que emperra no Congresso Nacional”, disse durante entrevista coletiva na Base Aérea de Campo Grande.
Um exemplo dessa falta de recursos que acaba prejudicando o investimento na segurança da fronteira é o programa Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras). “É uma ferramenta importantíssima para fazer a fiscalização da fronteira de forma rigorosa por meio da tecnologia, mas para o funcionamento ainda faltam R$ 18 milhões”, citou o ministro, reiterando a falta de interesse político. “Um país que tem uma receita como o nosso poderia disponibilizar esse recurso para colocar logo em funcionamento o sistema”, completou.
Atentados
A execução do empresário e narcotraficante Jorge Rafaat Toumani na noite de quarta-feira (15) no centro de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, acabou criando um clima de “guerra” na fronteira com o país vizinho. Mas conforme o ministro, a situação só não foi agravada por conta da presença dos militares do Exército durante a Operação Ágata 11 do lado brasileiro.
“Essa situação foi muito grave, mas temos que destacar que esse conflito se deu em outro país. O fato de ter presença militar na região foi um fator de estabilização e evitamento, o que impediu que aquela guerra pudesse, inclusive nos alcançar e ser pior. O fato de termos expandido o monitoramento foi um fator muito importante neste caso.”, afirmou Jungmann.
Já na terça-feira (14), o policia civil Aquiles Chiquin Júnior, 34, foi executado em Paranhos, município a 469 km de Campo Grande. Pelo menos três pistoleiros encapuzados invadiram a academia de musculação onde o policial estava e cometeram o crime, que teria ligação com uma chacina ocorrida em outubro do ano passado em uma padaria no centro da cidade, quando cinco integrantes de uma quadrilha de narcotraficantes foram mortos. O ataque teria sido praticado pelo bando rival, do qual faz parte um irmão do policial civil assassinado.
Testes
Ainda de acordo com o ministro da Defesa, na próxima semana um satélite de baixa altitude deve começar a funcionar em forma de teste. “É uma tecnologia israelense e possibilita fazer a varredura e aproximação em até 50 cm em um espaço de 450 km. Com isso é capaz de identificar pessoas. Esse equipamento vai estar em fase de experimentos por seis meses e será utilizado nas Olimpíadas, mas é uma ferramenta que também pode ser utilizada na vigilância das fronteiras”, completou.
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Campo Grande News/montedo.com