6 de abril de 2017

Estados Unidos lançam dezenas de mísseis em direção à Síria. Consequências são imprevisíveis

Medida é uma resposta ao ataque químico contra civis no país
Estados Unidos lançam dezenas de mísseis em direção à Síria | Foto: Jaret Morris / US Navy / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou o lançamento de ao menos 70 mísseis nesta quinta-feira contra alvos na Síria, em resposta ao ataque com armas químicas atribuído ao regime do presidente Bashar al Assad. Uma fonte do Pentágono informou que 70 mísseis de cruzeiro Tomahawk foram disparados contra a base aérea de Shayrat, de onde segundo Washington partiu o ataque químico, que deixou 86 mortos, incluindo várias crianças.
Uma fonte militar síria confirmou que "uma das nossas bases aéreas no centro do país foi atacada ao amanhecer por mísseis disparados pelos Estados Unidos, provocando perdas", sem precisar se há mortos. A TV estatal em Damasco qualificou o ataque de "agressão americana contra alvos militares sírios com diversos mísseis".
Na noite desta quinta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguiu obter um acordo sobre uma declaração envolvendo o ataque com armas químicas, enquanto circulavam informações sobre um eventual bombardeio americano à Síria.
Mais cedo, a Rússia advertiu os Estados Unidos que poderia ter "consequências negativas" se lançar uma ação militar contra a Síria, após uma reunião do Conselho de Segurança da ONU. "Se houver uma ação militar, toda a responsabilidade recairá sobre os que tiverem iniciado uma empreitada tão trágica e duvidosa", declarou o embaixador russo na ONU, Vladimir Safronkov, na saída da reunião.
Os Estados Unidos já haviam ameaçado a Síria nesta quinta com uma resposta militar após o suposto ataque químico que deixou ao menos 86 mortos e provocou indignação na comunidade internacional. "O que (presidente sírio Bashar) Assad fez é terrível", disse o presidente dos EUA, Donald Trump. "O que aconteceu na Síria é uma vergonha para a humanidade e está no poder, então penso que qualquer coisa pode acontecer".
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, prometeu "uma resposta apropriada às violações de todas as resoluções prévias da ONU e das normas internacionais". "O papel de Assad no futuro é incerto com os atos que cometeu. Parece que não deve desempenhar qualquer papel para governar o povo sírio", declarou Tillerson ao receber na Flórida o presidente chinês, Xi Jinping.
Um funcionário americano revelou que o Pentágono apresentava à Casa Branca uma série de possíveis ações militares que os Estados Unidos poderiam adotar em resposta ao suposto ataque químico na Síria. O funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada, disse que algumas propostas incluem ataques à Força Aérea síria em terra.
O chefe do Pentágono, Jim Mattis, apresentava as alternativas a Trump e ao seu gabinete a pedido da Casa Branca, acrescentou a fonte, enfatizando que por enquanto não foram tomadas decisões. Mattis comunicou-se constantemente com o conselheiro de Segurança Nacional do presidente, H.R. McMaster. Simultaneamente, navios de guerra americanos armados com mísseis de cruzeiro Tomahawk cruzavam o Mediterrâneo oriental, precisou um responsável da Defesa. Trump advertiu na quarta-feira que o regime de Bashar al Assad tinha cruzado os limites com o suposto ataque químico que deixou 86 mortos - incluindo vinte crianças -, e o qualificou de "afronta à humanidade".
Até agora o Pentágono propôs uma série de ações militares na Síria, enquanto as forças americanas bombardearam o grupo Estado Islâmico no norte do país desde 2014. No entanto, uma reviravolta que ponha no alvo o governo de Assad seria uma mudança fundamental na guerra da Síria desde que teve início em 2011. Há apenas uma semana, a diplomata americana na ONU, Nikki Haley, declarou que a saída de Assad do poder não estava entre as "prioridades" de Washington.

Consequências imprevisíveis
A Rússia apoia Assad desde o fim de 2015, razão pela qual qualquer ação militar para atacar no terreno sua força aérea poderia também afetar os sistemas de defesa aéreos russos e seu pessoal militar. Diante deste cenário, a Rússia enviou mais assessores militares à Síria. O papel de Moscou na votação do Conselho de Segurança da proposta de Grã-Bretanha, França e Estados Unidos exigindo uma investigação completa do caso pode ser chave. A Rússia já antecipou que rejeita o projeto, que qualificou de "inaceitável".
Moscou apresentou uma contraproposta de declaração, que não menciona qualquer pressão sobre o governo sírio para que colabore com a investigação. O presidente russo, Vladimir Putin, pediu à comunidade internacional que não julgue o que ocorreu antes de uma completa investigação. Putin considerou "inaceitável" fazer "acusações não fundamentadas contra qualquer um antes de uma investigação internacional imparcial e minuciosa" do que chamou de "incidente com armas químicas".
Durante o dia, especialistas turcos disseram que as vítimas do ataque foram expostas ao gás sarin. O chanceler sírio, Walid Muallem, voltou a negar a participação de seu governo em ataque com arma química. "O Exército sírio não utilizou, não utiliza e não utilizará este tipo de arma, e não apenas contra seu próprio povo, mas também contra os terroristas que atacam nossos civis com seus morteiros".
CORREIO DO POVO/montedo.com

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