Francisco Martins do Nascimento (1948-2017) - Arquivo pessoal |
EDOARDO GHIROTTO
DA EDITORIA DE TREINAMENTO
Um acidente de avião fez um recruta do Exército virar herói para os mais de 40 mil habitantes de
GuajaráMirim, a 330 km de Porto Velho (RO).
Francisco Martins do Nascimento tinha se alistado no Exército havia menos de um mês quando, em
fevereiro de 1968, o hidroavião da Força Aérea em que viajava caiu na floresta amazônica.
Aos 19, conhecido como Leão, devido ao porte físico e ao cabelo longo, Nascimento foi uma das 40 pessoas que sobreviveram ao acidente. Quatro morreram na queda. Apesar da inexperiência, ele tomou a frente do resgate e cuidou dos feridos, que incluíam crianças. O Exército encontrou os destroços dois dias depois, graças aos sinais de fumaça feitos pelo recruta.
O episódio não lhe rendeu promoção. Nascimento foi cabo do Exército por mais de 25 anos, até ir para a reserva como terceirosargento.
"Esse feito não consta nos registros do meu pai, mas ele nunca se preocupou com isso. Nunca quis bater no peito", diz Fredson Martins, 36, um de seus oito filhos.
Apenas em 2012 um militar de alta patente soube da história e iniciou os trâmites para que recebesse a Medalha do Pacificador, honraria militar.
Em GuajaráMirim, onde morava desde 1972, ele se dedicou à inclusão de jovens em programas esportivos e culturais. Também atuou como representante da sociedade civil nas negociações que levaram uma universidade federal ao município.
Nascimento morreu no dia 5, aos 68, vítima de um câncer no fígado. Além dos filhos, deixou a mulher, Cleonice, 21 netos e oito bisnetos.
FOLHA/montedo.com