8 de abril de 2017

Para ser piloto da Esquadrilha da Fumaça, precisa ter 1.500 horas de voo

Vinícius Casagrande


Durante uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça, os sete pilotos que formam o esquadrão chegam a fazer até 50 manobras de acrobacia no ar em um show que dura até 35 minutos. Para chegar até lá, é preciso muito treinamento em diversas áreas da Força Aérea Brasileira.
O primeiro passo para se tornar um piloto da Esquadrilha da Fumaça é se tornar um cadete da FAB após ingressar na Escola Preparatória de Cadetes ou na Academia da Força Aérea. São quatro anos de estudo até se formar um oficial aviador.
Depois, os pilotos são transferidos para um ano de especialização na Base Aérea de Natal, no Rio Grande do Norte. Nesse período, os pilotos decidem se vão fazer parte da aviação de caça, de transporte aéreo ou de asas rotativas (helicópteros).

Treinamento em avião de caça
No caso da aviação de caça, o treinamento já é feito nos aviões A29 Super Tucano, da Embraer, os mesmos utilizados pela Esquadrilha da Fumaça. O A29 é um avião militar de ataque ao solo, como velocidade de 590 km/h e capaz de transportar até uma tonelada de armamento sob as asas.
Com a especialização concluída, os pilotos são encaminhados para Boa Vista (RR), Porto Velho (RO) ou Campo Grande (MS), onde ficam de três a cinco anos em missões de defesa e vigilância da fronteira brasileira.
Tudo isso ainda não é o suficiente para estar qualificado para ser membro da Esquadrilha da Fumaça. Antes de ingressar no esquadrão de demonstração aérea, o piloto precisa atuar também como instrutor de voo. Somente após ter um total de 1.500 horas de voo, sendo pelo menos 800 horas como instrutor é que o piloto pode se candidatar a um posto na Esquadrilha da Fumaça.
Escolha deve ser unânime
Quando uma vaga é aberta, os candidatos passam por uma avaliação dos atuais membros do esquadrão. A aprovação deve ser feita pela unanimidade dos pilotos depois de avaliarem as características e experiências anteriores do candidato. São analisadas questões como condições psicomotoras, habilidade da pilotagem e até mesmo o relacionamento com o público.
“A gente tem um revezamento de pilotos, que ficam cerca de cinco anos. A cada ano, entram dois ou três e saem dois ou três”, afirma o major aviador Daniel Garcia Pereira, piloto da Esquadrilha da Fumaça desde outubro de 2012.
Preparação para os shows
Depois de aceito, o novo piloto faz um treinamento de 80 horas no A29 Super Tucano, mesmo que já pilote o avião. Depois, é necessário fazer o curso de demonstração aérea, composto por cerca de 80 missões com as diversas manobras realizadas durante as apresentações.
Os voos em formação começam de forma gradual. No início, são apenas dois aviões. Com o desenvolvimento do piloto, passam a ser utilizados quatro aviões, depois seis aeronaves até chegar à formação completa de sete aviões. A partir de então, o novo piloto já pode participar dos shows da Esquadrilha da Fumaça.
Anjos da guarda
A Esquadrilha da Fumaça não é formada somente pelos pilotos. Os mecânicos também têm papel fundamental para manter os aviões em boas condições de voo e garantir a total segurança nas apresentações. O papel deles é tão importante que eles são chamados de “anjos da guarda”.
“Faz parte do trabalho em equipe a manutenção das aeronaves. Os mecânicos da esquadrilha são profissionais de alto gabarito. Eles que fazem com que tudo isso seja possível. Esse é um fator diferencial da Esquadrilha”, afirma o major aviador.
Paixão surgiu na academia
Atualmente, o major aviador Garcia já tem mais de 3.000 horas de voo, sendo cerca de 600 em treinamento e cerca de 60 shows da Esquadrilha da Fumaça. “A paixão pela Esquadrilha aconteceu durante o meu período de cadete. Nos quatro anos em que fiquei na Academia, durante os treinamentos físicos, conseguia observar a Esquadrilha treinando. Isso foi um fator diferencial e me motivou a um dia querer ser piloto da Esquadrilha da Fumaça”, conta.
Depois de quase cinco anos de atividades, o major aviador afirma que o maior orgulho é representar o país e incentivar a paixão pela aviação. “Uma das partes mais gratificantes de uma demonstração é após o pouso, no contato com o público.
É onde você tem realmente o reconhecimento do seu trabalho”, afirma.
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UOL/montedo.com

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