HOMENAGEM
COMANDANTE DO EXÉRCITO RECEBE TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA DO IDP
EM DISCURSO, VILLAS BÔAS RESSALTA QUE O BRASIL PERDEU O 'SENTIDO DE DISCIPLINA SOCIAL'
O comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, recebeu o título de Doutor Honoris Causa do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). O diploma foi concedido ao homenageado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, por suas contribuições à segurança pública brasileira, durante a cerimônia de abertura do 7º Seminário Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública.
Villas Bôas é natural de Cruz Alta (RS), onde nasceu em 7 de novembro de 1951. Ingressou nas fileiras do Exército em 1° de março de 1967, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Ao ser escolhido Comandante do Exército Brasileiro, exercia a função de Comandante de Operações Terrestres. Foi promovido a General de Exército em 31 de julho de 2011 e agraciado com 14 condecorações nacionais, dentre as quais se destacam: a Ordem do Mérito Militar, a Ordem do Mérito Naval, a Ordem do Mérito Aeronáutico e a Medalha Militar de Ouro com Passador de Platina.
Confira o discurso do comandante do Exército na íntegra:
Na qualidade de Comandante do Exército Brasileiro, expresso meus sinceros agradecimentos, pelo recebimento do honroso Título de Doutor Honoris Causa do Instituto Brasiliense de Direito Público.DIÁRIO do PODER/montedo.com
Escolheu-se um velho soldado para representar muitos. Entendo que esta homenagem é, na verdade, um merecido reconhecimento aos mais de duzentos mil homens e mulheres do Exército que, juntamente com os companheiros da Marinha e da Força Aérea, nos últimos anos, arriscaram suas vidas cumprindo missões de Garantia da Lei e da Ordem em todo o território nacional; além de ficarem em condições, por vocação e juramento, de sacrificarem a própria vida, se preciso for, em prol do nosso País.
Saúdo os organizadores deste evento pela sensibilidade na escolha do tema deste prestigiado seminário “A segurança pública e a política carcerária”, colocando luzes às sombras no que a sociedade, anestesiada, não expressa como anseio prioritário e, tampouco, é tratado pelas autoridades com a requerida urgência.
Vivemos momentos delicados em nosso país, onde nossas instituições estão sendo submetidas a uma verdadeira catarse. Vivemos uma crise de valores, de ética, mas, afortunadamente, a nossa sociedade ainda é guardada pela argamassa da Constituição que, bem ou mal, nos conduzirá a um futuro que espero promissor. Como já disse, não há atalho fora do texto constitucional.
Nossa carta magna foi pródiga em fortalecer os direitos e garantias individuais. Privilegiou a liberdade como princípio basilar e a democracia como o regime que, pela expressão popular do voto, garante a manutenção dessa liberdade.
O tema de hoje, que merece profunda reflexão, não trata sobre o valor intrínseco da liberdade. Versa, isto sim, sobre a qualidade da liberdade que queremos usufruir.
Refletir é preciso. Podemos conviver com essas ameaças ao nosso futuro? Podemos abdicar da nossa liberdade com os mais de sessenta mil assassinatos anuais injustificados, com os mais de vinte mil desaparecidos ou com a segunda posição no ranking de consumo de drogas? Queremos referendar a perda do princípio da autoridade, admitindo casos de agressões a professores, entes sagrados em outras culturas, ou de desrespeito a agentes públicos?
A verdade é que perdemos o sentido de disciplina social. Há excessos de compreensão com direitos e enorme incompreensão com deveres. Há também excesso de diagnóstico e pouca ação efetiva e prática. Sem sinergia e integração de várias instituições fica difícil estabelecer metas e prioridades.
É necessário que o país tenha objetivos de curto, médio e longo prazo para a área de segurança.
Aproveito a oportunidade para homenagear especialmente os policiais, algumas vezes desprestigiados, mas verdadeiros heróis do dia a dia, que sabem a hora de despedir-se de seus entes queridos ao sair de seus lares, mas, por profissão de fé, desafiam suas emoções por não saberem se ali retornarão.
Senhoras e senhores, eu vos afirmo que há em todas essas dúvidas uma única certeza. Que nossas escolhas vão definir o futuro que queremos. E somente nós, unidos, poderemos comprar o direito de se viver em uma sociedade livre e justa. Isso não é um sonho. É simplesmente o anseio de um povo abençoado pela própria natureza!!
BRASIL ACIMA DE TUDO!!!
Brasília/DF, 20 de junho de 2017.